A presença brasileira na COP27 ganha peso nesta terça-feira (15/11), com a chegada do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, ao Egito. O líder petista é o nome internacional mais aguardado nesta segunda semana da Conferência do Clima da ONU, que acaba na sexta-feira (18/11).
Lula desembarcou na noite desta segunda-feira (14/11) na cidade egípcia que sedia a COP27, mas a sua programação oficial no evento começa apenas na quarta-feira. Hoje, o presidente eleito descansa da viagem de cerca de 12 horas em uma residência oferecida pelo governo egípcio. À tarde, ele terá um primeiro encontro de alto nível, com o enviado especial dos Estados Unidos para o Clima, John Kerry.
Nestes três dias de presença no Egito, Lula deve se reunir com representantes de pelo menos uma dezena de países, como China e Alemanha, além do secretário-geral da ONU, António Guterres. Nesta reta final da conferência, o discurso dele na plenária da ONU é o que gera mais expectativas, já que a maioria dos chefes de Estado de Governo dos 197 países participantes esteve presente na primeira semana do evento, iniciado no dia 8 de novembro. O presidente francês, Emmanuel Macron, falou na abertura da conferência e o americano, Joe Biden, compareceu na sexta-feira (11/11).
O presidente Jair Bolsonaro não comparecerá ao evento, ao qual nunca foi durante os seus quatro anos de mandato. Lula recebeu convite do presidente egípcio, Abdel Fatah al-Sissi, logo após o resultado do segundo turno das eleições no Brasil, mas ele não representará oficialmente o país, já que só toma posse em 1º de janeiro de 2023.
Potencial do Brasil
Enquanto isso, a mobilização da sociedade civil segue a pleno vapor no Brazil Climate Action Hub. Nesta segunda-feira, um grupo de organizações, com a participação das ministeriáveis Marina Silva e Izabella Teixeira, formulou um pacote de propostas para o futuro governo nas áreas ambiental e climática.
Em outro evento, especialistas no uso da terra – que inclui agricultura, desmatamento e queimadas – apontaram que o Brasil tem tudo para ser o primeiro país do mundo a zerar as emissões líquidas de gases de efeito estufa até 2040. Isso seria possível graças a um maior controle da devastação das florestas associado a melhores práticas agrícolas.
Ricardo Stuckert
Lula desembarcou na noite desta segunda-feira (14/11) na cidade egípcia que sedia a COP27
“Se eliminarmos as emissões por uso da terra, dá uma redução de 77% nas emissões brasileiras em relação a 2005. Se considerarmos a variação de carbono no solo por manejo de pastagem, podemos tirar mais 230 milhões de toneladas que são absorvidas nos solos agrícolas. E se acrescentarmos nessa conta que é possível reduzir 200 milhões de toneladas de metano, nossas emissões praticamente seriam residuais”, detalhou Tasso Azevedo, coordenador geral do MapBiomas.
Esta terça-feira é o último dia de consultas técnicas entre as diferentes delegações na COP27, com vistas a afinar os detalhes das negociações de um texto final. Amanhã, tem início o chamado segmento ministerial, quando os ministros do Meio Ambiente, ou pasta equivalente, assumem a chefia das comitivas.
Aliança pelas florestas
Hoje o tema em foco é a energia, um aspecto crucial para a transição a uma economia de baixo carbono. Esse é também o aspecto que o ministro brasileiro, Joaquim Leite, mais tem dado ênfase na sua participação no evento, já que 85% da matriz energética brasileira vem de fontes renováveis e o governo federal mobiliza um plano de promoção das energias de baixa emissão, como o hidrogênio verde.
Na segunda-feira, o Brasil formalizou, ao lado da Indonésia e do Congo, o acordo de criação da Aliança das Florestas, que visa ampliar a cooperação entre os três países para proteger as florestas tropicais e obter recursos financeiros internacionais – públicos ou privados – para este objetivo. Juntos, os signatários detêm 52% da cobertura florestal tropical do planeta.
O problema, no caso do Brasil, é que o país não têm resultados positivos sobre a redução de desmatamento para apresentar e pleitear mais verbas. Pelo contrário: durante o governo de Jair Bolsonaro, os índices de aumento da devastação só aumentaram, chegando a uma alta de 73% nos últimos cinco anos.