O anúncio da morte do homem mais procurado do mundo trouxe alívio ao povo norte-americano. Era a notícia mais esperada dos últimos dez anos, comemorada com entusiasmo em Washington e Nova York. O sentimento dos jovens que foram às ruas misturou vingança e justiça em gritos patrióticos. Nada mais natural para um país que foi vítima do maior atentado terrorista da história em 11 de setembro de 2001, que resultou na morte de quase três mil pessoas.
Para Barack Obama, a morte de Osama Bin Laden é um gol de placa para a recuperação de seu prestígio político, abalado depois da derrota nas eleições legislativas de outubro passado que reconduziu os republicanos à direção da Câmara dos Deputados. Com o objetivo declarado de alcançar a reeleição daqui a 19 meses, o presidente vai ganhar pontos e colocar a direita republicana na defensiva. Afinal, ele conseguiu com pouco mais da metade de um primeiro mandato de quatro anos, aquilo que George Bush não conseguiu em dois.
Poderá provar ainda que seu estilo menos duro na relação com a comunidade internacional é mais eficaz que a política belicista de seu antecessor. Com base num trabalho de inteligência, chegou a Bin Laden e destruiu um mito dos grupos radicalizados do mundo árabe.
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Restam agora três questões. A primeira é que ainda se trata de uma morte sem corpo. Fica difícil imaginar que os Estados Unidos, reconhecidos por transformar seu estilo de vida em objeto de desejo para a humanidade, não tenham registrado uma ação espetacular como essa, digna dos melhores momentos de Hollywood. Provas oficiais devem aparecer nos próximos dias para evitar qualquer especulação sobre o que de fato aconteceu na mansão de um milhão de dólares sem internet e telefone, encravada a 800 metros de um centro de formação do exército paquistanês e a 70 quilômetros de Islamabad, a capital do país.
A segunda questão, mais complexa, é sobre o futuro da luta contra o terror. Será que a morte de Bin Laden intimidará o que restou da Al Qaeda e de outros grupos extremistas que declararam “guerra santa” aos Estados Unidos? Até que ponto o desaparecimento de um herói para segmentos da comunidade árabe poderá provocar novos atentados contra a maior potência do mundo e seus países aliados?
Mas, é a terceira questão que se torna intrigante: depois de dez anos dos atentados em território norte-americano, será que Bin Laden ainda gozava de prestígio suficiente para torná-lo um mártir dos fundamentalistas muçulmanos? As revoltas em curso no mundo árabe são sinais da necessidade de oxigenação das sociedades autoritárias da região.
Protagonizada por novos atores, entre eles a juventude, podem indicar que o quixotesco terrorista e seus métodos abomináveis sejam agora apenas um personagem inscrito na história recente da humanidade.
São perguntas que ficam no ar. Por enquanto, um cartaz captado pelas imagens de televisão nas manifestações de rua em frente a Casa Branca parece dizer tudo: Obama 1 x 0 Osama. Só que o jogo continua.
(*) Marco Piva é jornalista especializado em política internacional.
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