A taxa de gravidez em acampamentos de desabrigados construídos após terremoto que destruiu o Haiti em janeiro de 2010 é três vezes maior que nas cidades, informou uma pesquisa feita pelo Ministério de Saúde Pública haitiano e o UNFPA (Fundo de População das Nações Unidas, da sigla em inglês). Na tragédia, cerca de 220 mil pessoas morreram e 1,5 mil perderam suas casas.
O especialista da UNFPA Gabriel Bidegain, que organizou a pesquisa, explicou que geralmente 4% das mulheres em zonas urbanas estão grávidas. Já nos acampamentos, a taxa chega a 12%. “Entre dezembro e janeiro [próximos] teremos uma importante taxa de natalidade”, disse Bidegain, citado pela agência Efe.
Agência Brasil
Mulheres buscam água próximo a acampamento em Porto Príncipe
A cada ano, 270 mil crianças nascem no Haiti, o país mais pobre do continente americano. Para Bidegain, o que mais preocupa é a possibilidade de não haver estrutura para os partos em condições ideais de higiene. “O problema é que várias ONGs de saúde que interveem nos campos sairão em dezembro e em janeiro, num tempo em que terá mais nascimentos. Diante disso, há uma perspectiva de aumento da mortalidade materna e infantil”, disse.
Explicações
Bidegain descarta a hipótese de que estupros tenham provocado o aumento da natalidade nos acampamentos. Segundo ele, a taxa de violência sexual no país é de 1%, a mesma registrada antes do terremoto.
“Há uma manipulação midiática que faz parecer que os haitianos são
estupradores e ladrões, enquanto a taxa de estupro no Haiti é inferior a
de grandes cidades da América Latina”, afirmou.
Segundo ele, após a pesquisa, se observou que há uma nova configuração das relações entre homens e mulheres e nas relações sociais nas regiões afetadas pelo terremoto, o que incentivou o maior número de gravidezes.
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O levantamento mostra que 63% das famílias que vivem nos campos de desabrigados são chefiadas por mulheres, enquanto 54% das famílias das outras partes do país, que não ficaram desalojadas, tem nos homens a figura do chefe.
Reconstrução
No terremoto de 12 de janeiro, cerca de 220 mil pessoas morreram,1,5 mil perderam suas casas. Prédios públicos e privados foram destruídos, assim como hospitais e escolas. Ontem, o Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) anunciou que vai ampliar por mais um ano o mandato da Minustah (Missão para a Estabilização no Haiti). O novo mandato vai vigorar até 15 de outubro de 2011.
O objetivo é manter os 9 mil militares das Forças Armadas e 4,3 mil policiais de vários países em prontidão. O Brasil integra as forças de paz no Haiti desde 2004. Os integrantes da Minustah têm uma série de atribuições tais como garantir a segurança e colaborar em atividades nas áreas de construção civil, educação e saúde. A força de paz também apoia a realização do processo eleitoral e a formação do Conselho Eleitoral Provisório.
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