Atualizada em 08/11, às 18h40
O atual presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, venceu as eleições presidenciais realizadas neste domingo (07/11) e se encaminha para assumir o 4º mandato consecutivo. Com 75,92% dos votos, o candidato da Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN) obteve ampla vantagem sobre os outros cinco concorrentes de oposição e deve permanecer no cargo até 2027.
A divulgação parcial dos resultados foi feita na madrugada desta segunda-feira (08/11) pelo órgão eleitoral do país. Segundo o Conselho Supremo Eleitoral (CSE), já foram apuradas 97,74% das urnas. De acordo com as autoridades eleitorais da Nicarágua, a votação ocorreu sem nenhuma complicação e a participação eleitoral foi de 65,23%.
“Agradecemos o povo da Nicarágua que foi protagonista desta festa cívica e histórica para o nosso país”, afirmou Brenda Rocha, presidente do órgão eleitoral.
Pela oposição, o candidato mais votado até o momento é Walter Espinoza, do Partido Liberal Constitucionalista, que recebeu 14,15% dos votos.
Ortega ocupou a Presidência pela primeira vez entre 1985 e 1990, sendo um dos quadros mais relevantes da Revolução Sandinista que derrubou a ditadura dos Somoza, em 1979. Ele retornou ao governo em 2007, após vencer as eleições do ano anterior, e voltou a ser reeleito para os mandatos de 2012 a 2017 e 2017 a 2022.
Durante a campanha, o atual mandatário concentrou suas promessas na ampliação dos programas sociais criados em suas gestões, focando seus planos de governo na área social e econômica. O atual governo ainda aposta no combate ao que classifica como “ataques imperialistas”, após acusar entidades não governamentais de estarem aliadas aos Estados Unidos para desestabilizar a política nacional.
Reprodução/@DanielOrtegasa
Ortega se prepara para assumir 4º mandato consecutivo
EUA chamam eleição de ‘fraude’
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse que a eleição geral na Nicarágua não foi democrática e ameaçou aplicar mais sanções contra o governo nicaraguense.
Em comunicado, Biden disse que “o que o presidente Daniel Ortega e sua mulher, a vice-presidente do país Rosario Murillo, orquestraram hoje foi uma eleição de pantomima que não foi livre nem justa e certamente não democrática”.
“Os Estados Unidos, em estreita coordenação com outros membros da comunidade internacional, usarão todas as ferramentas diplomáticas e econômicas à nossa disposição para apoiar o povo da Nicarágua e responsabilizar o governo Ortega-Murillo”, diz a declaração da Casa Branca.
Setores da oposição denunciam ‘perseguição’
Alguns setores da oposição na Nicarágua denunciam uma suposta perseguição por parte do governo Daniel Ortega. Prisões de políticos que ocorreram meses antes das eleições foram apontadas por partidos opositores como uma tentativa do atual mandatário retirar potenciais rivais da disputa eleitoral.
As prisões de Félix Maradiaga, que planejava lançar candidatura pelo partido Unidade Nacional Azul e Branco, e de Víctor Hugo Tinoco, ex-ministro das Relações Exteriores e membro do partido União Democrática Renovadora (Unamos), são alguns dos casos apontados pela oposição como exemplos de “perseguição” do governo nicaraguense.
Os opositores foram enquadrados na lei nº 1055 de Independência, Soberania e Autodeterminação para a Paz, que busca punir a promoção de intervenção estrangeira. De acordo com o governo, opositores presos estariam agindo para desestabilizar a política interna do país com auxílio externo, principalmente dos EUA.
Em entrevista a Opera Mundi concedida em agosto, o ministro das Relações Exteriores da Nicarágua, Denis Moncada, justificou as ações judiciais e afirmou que o governo norte-americano tenta derrubar Ortega do poder.
“Os EUA não aceitam o governo da Nicarágua, eleito democraticamente, e seguem tentando derrubá-lo, desrespeitando a soberania e autodeterminação da Nicarágua. Eles financiam essas pessoas que estão sendo processadas e investigadas, usando-as como cavalos de Troia para desestabilizar o governo de Ortega”, alegou Moncada.
*Com Telesur e Sputnik