Após meses de idas e vindas, o empresário Elon Musk concluiu a compra do Twitter por 44 bilhões de dólares. A empresa anunciou nesta sexta-feira (28/10) sua retirada da bolsa de valores à Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC, na sigla em inglês), confirmando assim a conclusão da aquisição.
Homem mais rico do mundo e fundador da Tesla e da SpaceX, Musk já havia anunciado que assumiria a empresa integralmente e fecharia seu capital. Desde 2013 até então, o Twitter era uma empresa aberta, com ações negociadas em bolsa.
A conclusão do acordo foi antecipada pela imprensa norte-americana na quinta-feira. Fontes informaram também que Musk decidiu demitir o alto escalão da plataforma: o CEO Parag Agrawal, o diretor financeiro Ned Segal e a diretora jurídica da empresa, Vijaya Gadde, teriam sido dispensados.
Pouco depois da divulgação dessas informações na quinta-feira, Musk tuitou: “O pássaro foi libertado” (“The bird has been freed”), em alusão ao logo do Twitter.
Idas e vindas da compra do Twitter
As demissões teriam acontecido apenas horas antes de vencer um prazo estabelecido por uma juíza do estado norte-americano de Delaware, que expirava nesta sexta-feira. Ela chegou a ameaçar com o início de um processo se não houvesse acordo entre Musk e a plataforma.
O prazo para finalizar a aquisição foi estabelecido no início do mês e é o capítulo mais recente de uma batalha que começou em abril deste ano, quando Musk assinou um acordo para comprar a plataforma.
Em julho, Musk anunciou que estava rescindindo o acordo para a compra do Twitter, acusando a empresa de declarações “enganosas” sobre o número de contas falsas na plataforma. Na ocasião, os advogados de Musk afirmaram que o Twitter falhou ou se recusou a responder a vários pedidos de informações sobre contas falsas e de spam, o que seria fundamental para avaliar o desempenho dos negócios da empresa.
Em maio, Musk já havia suspendido temporariamente a compra, ameaçando interromper o negócio se a rede social não mostrasse provas de que contas de spam e bots eram menos de 5% dos usuários que veem publicidade no serviço de mídia social.
Logo após o recuo de Musk, em julho o Twitter processou o empresário por violação do acordo de compra da empresa de mídia social. A ação deu início ao que foi estimada como uma das maiores batalhas legais da história de Wall Street, envolvendo um dos empresários mais emblemáticos do mundo dos negócios.
Segundo relatou o jornal The Washington Post na semana passada, citando documentos e fontes sob anonimato, Musk teria dito a potenciais investidores que planeja cortar 75% dos funcionários da plataforma quando se tornasse dono do Twitter.
“Ajudar a humanidade”
As demissões eram esperadas e deverão ser as primeiras de várias grandes mudanças que Musk fará na plataforma, com o objetivo de aumentar o número de assinantes e também o lucro do Twitter.
A primeira grande ação de Musk na quinta foi tentar acalmar a hesitação de anunciantes, dizendo que ele está comprando a empresa de mídia social para “ajudar a humanidade” e que não quer que ela se torne “um lugar infernal aberto a todos”.
Muhammed Selim Korkutata/AA/picture alliance
Conclusão do acordo foi antecipada pela imprensa norte-americana na quinta-feira (28/10)
É “importante para o futuro da civilização ter uma praça pública online onde uma grande variedade de opiniões pode debater de forma saudável, sem recorrer à violência”, destacou o dono da Tesla, numa mensagem dirigida especificamente às empresas que compram publicidade na rede social.
“Dito isso, o Twitter obviamente não pode ser um lugar infernal aberto a todos, onde qualquer coisa pode ser dita sem consequências”, acrescentou.
Musk reconheceu na mensagem que as redes sociais correm o risco de aumentar a polarização da opinião pública entre a extrema direita e a extrema esquerda, algo que também aconteceu nos meios tradicionais de comunicação.
O homem mais rico do mundo afirmou querer trabalhar para superar esse risco, “para ajudar a humanidade que amo”, e “não para ganhar dinheiro”.
Espera-se, portanto, que Musk altere as políticas de moderação de conteúdo do Twitter, com uma abordagem mais aberta ao que chama de “liberdade de expressão”.
De acordo com a CNN, o empresário também discorda da prática atual da plataforma de banir permanentemente quem viola regras de atuação na rede social. Com isso, levanta a possibilidade de fazer voltar ao Twitter usuários que foram expulsos, como o ex-presidente norte-americano Donald Trump.
Assinatura paga no Twitter?
O dono da Tesla já havia expressado descontentamento com a publicidade no Twitter e como a plataforma depende de anunciantes, sugerindo mais ênfase em outros modelos de negócios, como assinaturas pagas que não permitiriam a grandes empresas ditar políticas de como a plataforma opera. Porém, na quinta-feira, ele assegurou a anunciantes que quer que o Twitter se torne “a plataforma de anúncios mais respeitada do mundo”.
O comentário é uma mudança de posição do empresário, que já disse que o Twitter viola injustamente os direitos de liberdade de expressão ao bloquear desinformação ou conteúdos chocantes, segundo avaliou Pinar Yildirim, professora-assistente de Marketing na Wharton School, da Universidade da Pensilvânia, à agência de notícias AP.
Segundo ela, no entanto, trata-se igualmente da constatação de que não ter moderação de conteúdo é ruim para os negócios, colocando em risco a perda de anunciantes e assinantes. “Não se quer um local onde os consumidores são simplesmente bombardeados com coisas que não querem saber e a plataforma não assume nenhuma responsabilidade”, explicou.