É necessário “vencer a resignação que nos faz aceitar tamanha injustiça como fenômeno natural […]. Para vencer a desigualdade, falta vontade política daqueles que governam o mundo”, foi o que defendeu o presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante discurso na 78ª Assembleia Geral da ONU, em Nova York, nesta terça-feira (19/09).
Abrindo a sessão, como historicamente faz o líder do Brasil, Lula falou por pouco mais de 20 minutos e defendeu as pautas que já marcaram outros discursos em fóruns multilaterais: desigualdade no mundo, combate à fome e ainda cobrou financiamento dos países ricos para a luta contra a crise climática.
Lula disse que somente “movidos pela força da indignação” que se poderá agir com “vontade e determinação para vencer a desigualdade e transformar efetivamente o mundo a nosso redor”.
“A fome, tema central da minha fala neste Parlamento mundial 20 anos atrás, atinge hoje 735 milhões de seres humanos, que vão dormir sem saber se terão o que comer amanhã. O mundo está cada vez mais desigual, e os 10 maiores bilionários possuem mais riqueza que os 40% mais pobres da humanidade. O destino de cada criança que nasce neste planeta parece traçado ainda no ventre de sua mãe”, disse o presidente brasileiro.
Com isso, Lula prometeu “não medir esforços” para colocar esse tema no centro da agenda internacional durante a presidência brasileira no G20, a partir de dezembro, com o lema “Construindo um Mundo Justo e um Planeta Sustentável”.
Ricardo Stuckert
Lula abriu a 78ª Assembleia da ONU nesta terça-feira (19/09), em NY, e pediu mais política contra desigualdades
Para ele, é necessário que a Agenda 2030, a “mais ampla e ambiciosa ação coletiva da ONU voltada para o desenvolvimento”, pode se transformar “em seu maior fracasso”, com o mundo “ainda distante das metas definidas”.
“A maior parte dos objetivos de desenvolvimento sustentável caminha em ritmo lento. O imperativo moral e político de erradicar a pobreza e acabar com a fome parece estar anestesiado”, frisou.
‘Bodes expiatórios’
Na esteira das críticas que realizou durante discurso, Lula repudiou aqueles que “utilizam os migrantes como bode expiatório” dos problemas dos países.
O mandatário brasileiro afirmou que o neoliberalismo deu origem a “aventureiros de extrema direita que negam a política e vendem soluções tão fáceis quanto insustentáveis”. Além disso, Lula criticou a disseminação no mundo de um “nacionalismo primitivo, conservador e autoritário”.
78ª Assembleia da ONU
O discurso do presidente Lula na abertura da 78ª Assembleia Geral da ONU, nesta terça-feira, ganhou proporções históricas ao abordar praticamente todos os principais desafios da humanidade na atualidade e por imprimir uma visão do Sul Global diante desses temas.
Este foi o seu retorno ao Parlamento mundial após 14 anos. Em suas primeiras palavras, Lula recordou não aquele último discurso, e sim o primeiro. “Há 20 anos, ocupei esta tribuna pela primeira vez, e disse, naquele 23 de setembro de 2003, ‘que minhas primeiras palavras diante deste Parlamento Mundial sejam de confiança na capacidade humana de vencer desafios e evoluir para formas superiores de convivência’. Volto hoje para dizer que mantenho minha inabalável confiança na humanidade”.
O mandatário brasileiro disse que seu retorno a Nova York é “um triunfo da democracia” no Brasil, e que o país “está de volta para dar sua devida contribuição ao enfrentamento dos principais desafios globais”.
Veja o discurso de Lula durante 78ª Assembleia da ONU na íntegra:
(*) Com Ansa.