“O Brasil seguirá denunciando medidas tomadas sem amparo na Carta da ONU, como o embargo econômico e financeiro imposto a Cuba e a tentativa de classificar esse país como Estado patrocinador de terrorismo”, instou o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, durante seu discurso na abertura da 78ª Assembleia da ONU, nesta terça-feira (19/09).
Em Nova Iorque, onde fica a sede da Assembleia Geral das Nações Unidas, o presidente brasileiro discursou contra o bloqueio que atinge a ilha há mais de 60 anos, imposto pelo governo norte-americano pelo então presidente John F. Kennedy.
O mandatário brasileiro ainda afirmou que continua crítico “a toda tentativa de dividir o mundo em zonas de influência e de reeditar a Guerra Fria”.
O embargo contra Cuba é um conjunto de leis que impedem o governo cubano de comercializar com empresários estadunidenses, impõe barreiras de crédito e sanções a bancos ou países que decidam realizar transações econômicas com a ilha.
Na Assembleia Geral da ONU do último ano, o ministro das Relações Exteriores de Cuba, Bruno Rodríguez, denunciou o bloqueio econômico norte-americano contra a ilha, afirmando que o cerco é um “ato de guerra econômica em tempos de paz”.
Na ocasião, Rodríguez reafirmou que os Estados Unidos seguem com o bloqueio econômico mesmo após a Assembleia Geral da ONU votar anualmente pelo fim do cerco imposto em 1962.
Segundo o chanceler, os norte-americanos “continuam ignorando a demanda quase unânime da comunidade internacional para que cesse sua política ilegal e cruel”.
“Antigas disputas perturbadoras”
“É perturbador ver que persistem antigas disputas não resolvidas e que surgem ou ganham vigor novas ameaças”, completou Lula em seu discurso na ONU, exemplificando a situação do povo palestino e crises humanitárias, sociais e política no mundo.
Twitter/Lula – Foto de Ricardo Stuckert
Lula ainda voltou atenção internacional para a América Latina, em especial as tentativas de golpe na Guatemala
Assim, o presidente brasileiro chamou atenção para a “dificuldade de garantir a criação de um Estado para o povo palestino” e “a persistência da crise humanitária no Haiti, o conflito no Iêmen, as ameaças à unidade nacional da Líbia e as rupturas institucionais em Burkina Faso, Gabão, Guiné-Conacri, Mali, Níger e Sudão”.
Os países africanos mencionados por Lula passam por processos de levantes militares após décadas de influência do imperialismo.
O petista ainda voltou atenção internacional para a América Latina, em especial na Guatemala: “há o risco de um golpe, que impediria a posse do vencedor de eleições democráticas”, apelou o presidente.
O país centro-americano passou recentemente por um processo eleitoral que resultou na eleição do progressista Bernardo A´révalo, que deve tomar posse presidencial em janeiro de 2024, mas enfrenta uma série de atentados e manobras judiciárias que tentam reverter os resultados eleitorais.
78ª Assembleia da ONU
O discurso do presidente Lula na abertura da 78ª Assembleia Geral da ONU, nesta terça-feira, ganhou proporções históricas ao abordar praticamente todos os principais desafios da humanidade na atualidade e por imprimir uma visão do Sul Global diante desses temas.
Este foi o seu retorno ao Parlamento mundial após 14 anos. Em suas primeiras palavras, Lula recordou não aquele último discurso, e sim o primeiro. “Há 20 anos, ocupei esta tribuna pela primeira vez, e disse, naquele 23 de setembro de 2003, ‘que minhas primeiras palavras diante deste Parlamento Mundial sejam de confiança na capacidade humana de vencer desafios e evoluir para formas superiores de convivência’. Volto hoje para dizer que mantenho minha inabalável confiança na humanidade”.
O mandatário brasileiro disse que seu retorno a Nova York é “um triunfo da democracia” no Brasil, e que o país “está de volta para dar sua devida contribuição ao enfrentamento dos principais desafios globais”.
Veja o discurso de Lula durante 78ª Assembleia da ONU na íntegra:
(*) Com trecho do Brasil de Fato.