Embaixador brasileiro na UE pede 'flexibilidade' para acordo com Mercosul
Representante do Mercosul mencionou diferenças em tratado, em especial as legislações europeias sobre desmatamento
O embaixador brasileiro na União Europeia, Pedro Miguel da Costa e Silva, pediu nesta terça-feira (26/09) "flexibilidade" para fechar o acordo entre União Europeia e Mercosul.
"Precisamos ser otimistas e flexíveis, só assim poderemos fechar a negociação sobre o acordo comercial até o fim do ano", declarou, durante a conferência anual sobre o comércio global da Spirits Europe.
"Trocamos os últimos documentos. Agora é o momento de sentar na mesa e concluir a negociação. Há diferenças, mas recentemente, mais que do Mercosul em si, vêm de outras legislações UE, como a do desmatamento", acrescentou.
As reuniões sobre o acordo comercial, sobre o qual um entendimento inicial foi atingido em 2019 após 20 anos de negociações, e depois bloqueado durante os anos da presidência de Jair Bolsonaro, foram retomadas e estão em andamento.
O presidente do Brasil e do Mercosul, por rotatividade, Luiz Inácio Lula da Silva, tem movimentado esforços para que o acordo seja assinado ainda neste ano, objetivo que também é almejado pela presidência da UE.
A Espanha, país que ocupa a presidência rotativa da União Europeia, declarou em 18 de setembro, que espera "concluir" o acordo comercial.
Apesar das declarações de ambos os lados, o tratado ainda é contestado por boa parte da comunidade agrícola europeia e por ambientalistas.

Agência Senado
Rratado ainda é contestado por boa parte da comunidade agrícola europeia e por ambientalistas
Já o Brasil questiona um documento adicional sobre meio ambiente proposto por Bruxelas e o trecho do acordo que permite a participação de empresas europeias em licitações governamentais no bloco sul-americano.
Mercosul ameaçado
O ministro da Fazenda, Fernando Hadadd, disse nesta segunda-feira (25/09) que a continuidade do Mercosul está ameaçada com a possibilidade da eleição do candidato de extrema-direita, Javier Milei, para a presidência da Argentina.
“O Mercosul está em risco sobretudo pelos eventos próximos que podem ocorrer no nosso principal parceiro comercial. Não se sabe o alcance da narrativa do candidato que lidera as pesquisas na Argentina”, alertou ao palestrar na Fundação Getulio Vargas, na capital paulista.
Milei foi o candidato mais votado nas eleições primárias argentinas, em agosto, e segue como favorito segundo as pesquisas de opinião divulgadas até o momento. O candidato tem uma plataforma ultraliberal no campo da economia, em que defende até o fim do Banco Central. O candidato deu declarações também contra a continuidade do Mercosul – bloco de integração regional que reúne como membros Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, além da Venezuela, que está suspensa.
(*) Com Ansa e Agência Brasil