Os partidos Esquerda Republicana Catalã (ERC) e Juntos Pela Catalunha (Junts) anunciaram um novo pacto nesta quinta-feira (28/09), com o qual pretendem aumentar a pressão sobre os dois pretendentes a novo premiê da Espanha, os líderes políticos Alberto Núñez Feijóo, do Partido Popular (PP) e Pedro Sánchez, atual detentor do cargo e membro do Partido Socialista Operário da Espanha (PSOE).
O acordo consiste em exigir a realização de um referendo de independência na Catalunha dentro dos próximos dois anos, com o respaldo do governo espanhol.
Se trata de um novo pacto, porque até então as duas legendas já haviam apresentado um acordo para garantir a entrega dos seus 14 votos no parlamento àquela coalizão que se comprometesse com a anistia dos nove políticos catalães presos e exilados por seu envolvimento com o referendo independentista realizado em 2017, considerado ilegal pelo governo espanhol da época. A partir de agora, o novo referendo, desta vez reconhedido por Madri, passa a ser uma segunda condição para a entrega desses votos.
Vale ressaltar, que entre os políticos perseguidos por ligação com o movimento de 2017 está o então governador da comunidade da Catalunha, Carles Puigdemont, líder do Junts, partido de direita que foi o principal defensor do referendo realizado há seis anos.
Esta segunda exigência torna ainda mais difícil a situação dos dois postulantes ao cargo de primeiro-ministro.
Problemas para Feijóo
Por enquanto, o direito de formar maioria no parlamento corresponde a Alberto Núñez Feijóo, já que seu partido foi o mais votado nas eleições de 23 de julho.
O líder conservador falhou em sua primeira tentativa de investidura no cargo, nesta quarta-feira (27/09), ficando a apenas quatro votos de quórum necessário. No entanto, a necessidade de buscar os apoios que faltam entre os partidos de esquerda e grupos regionalistas torna essa possibilidade muito remota.
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Independentistas catalães exigem novo referendo para apoiar investidura na Espanha
O que mais afasta o PP dos regionalistas é o fato de que seu principal aliado, o partido de extrema direita Vox, defende a perseguição das legendas do País Basco e da Catalunha, consideradas por eles como “separatistas” e “terroristas”. No discurso realizado antes da primeira tentativa de investidura, Feijóo chegou a fazer alusão a uma possível anistia aos presos catalães, mas o temor a perder os votos do Vox o impediu de apresentar um compromisso mais concreto.
Pela lei, Feijóo terá mais duas chances de formar maioria. A segunda será nesta sexta-feira (29/09). Em caso de uma nova derrota, haverá uma terceira e última tentativa na próxima semana.
Problemas para Sánchez
Se Feijóo falhar três vezes em formar maioria, existe a possibilidade de o rei da Espanha, Felipe VI, conceder a Sánchez o direito de tentar a investidura, para se manter no cargo por um novo mandato, já que o PSOE foi o segundo partido mais votado em 23 de julho.
Essa hipótese é vista como possível, também, pelo fato de que o PSOE, já com o novo parlamento eleito, formou maioria para eleger a socialista Francina Armengol para a presidência da Câmara, contando com os votos dos partidos catalães.
Porém, uma possível formação de governo também será difícil para Sánchez, justamente pelas exigências de anistia aos presos políticos e de um novo referendo independentista na Catalunha.
O primeiro acordo entre ERC e Junts já era um problema para o atual premiê, que em seus cinco anos de governo nunca fez um gesto sequer em favor do perdão aos independentistas. A inclusão de uma nova condicionante, que causaria uma repercussão ainda maior no país, torna mais difícil a sua decisão.
Com informações de Público.