O ex-presidente da França, Nicolas Sarkozy, afirmou nesta sexta-feira (22/03) estar sendo perseguido pela Justiça de seu país no escândalo de corrupção do caso L’Oreal, pelo qual foi formalmente acusado no dia anterior.
De acordo com a promotoria que acompanha o caso, Sarkozy teria se aproveitado da fraqueza e dos problemas mentais da milionária Liliane Bettencourt, dona da multinacional de cosméticos, hoje com 90 anos e sofrendo de doença degenerativa. Ele é acusado de suposto financiamento ilegal da campanha eleitoral que o levou ao poder em 2007. Essa interpretação foi classificada por membros de seu partido, o conservador UMP (União por um Movimento popular) “terremoto político”. Segundo seu advogado, Thierry Herzog, o ex-presidente está sendo perseguido.
Agência Efe
O ex-presidente da França, Nicolas Sarkozy, acusado de corrupção
“Ele nunca pediu que fosse tratado melhor do que ninguém, mas também que não o tratem pior”, afirmou o advogado. “O tratamento imposto” ao presidente pela justiça é “escandaloso”, afirmou Herzog.
Para o ex-primeiro-ministro François Fillon, que deseja assumir a liderança da legenda, a decisão da justiça foi “injusta e extravagante”.
“Não chego a compreender os motivos desta acusação”, alegou por sua vez o presidente da UMP, Jean-François Copé.
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Até o momento, o ex-presidente tinha o status de “testemunha assistida” no caso, mas após nove horas de audiência no Palácio de Justiça de Bordeaux, o juiz alterou esta posição.
Se as acusações forem comprovadas, Sarkozy poderia ser condenado a três anos de prisão, pagamento de 375 mil euros de multa e cinco anos inabilitação política.
A suspeita
A suposição de que teria se beneficiado de Liliane parte da antiga contadora da idosa, Claire Thibout, que, em 2010, declarou à polícia que três anos antes o administrador da família, Patrice de Maistre, pediu a ela 150 mil euros para entregar ao então tesoureiro da campanha eleitoral de Sarkozy, Eric Woerth.
A suspeita se reforça pelo fato de que, segundo deram a entender agendas confiscadas no escritório e domicílio de Sarkozy, o ex-presidente se reuniu várias vezes com Liliana e com outros protagonistas do caso.
Sarkozy assegura que só se reuniu uma vez com falecido marido de Liliane em seu gabinete, mas depoimentos de funcionários dos sócios da L'Oréal, divulgados pela imprensa, indicam que o ex-presidente se encontrou várias vezes com a agora viúva.
O caso foi revelado por acaso dentro de uma disputa familiar levada aos tribunais pela filha de Liliane, Françoise Meyers. Sarkozy é a 17º pessoa acusada no caso.
Sarkozy é o segundo presidente a comparecer na Justiça após sua saída do Palácio do Eliseu, depois que seu antecessor, Jacques Chirac, também da UMP, foi condenado em 2011 a dois anos de prisão isentos de aplicação da pena por um caso de corrupção e financiamento ilegal de partidos.
(*) com agência de notícias internacionais