O advogado David Coombes, que atua na defesa de Bradley Manning, soldado norte-americano apontado como fonte do WikiLeaks, acusou o Exército dos EUA de mantê-lo intencionalmente em condições extremas. A razão justificada pelas Forças Armadas seria de que Manning teria tentado cometer suicídio na prisão de Quantico, Estado da Virgínia. No entanto, o advogado afirma que o Exército sabia que o risco disso ocorrer era inexistente.
Coombes disse para a juíza Denise Lind, de uma corte militar em Fort Mease, Maryland, que, por determinação de altos níveis militares, Manning tem sido submetido na prisão a condições especiais destinadas a potenciais suicidas. E que também essas mesmas autoridades recomendaram ignorar relatórios de psiquiatras de que o soldado se encontrava em boas condições mentais. A defesa diz que essas ações configuram uma punição ilegal pré-julgamento (a ser realizado em março do ano que vem) e exige que todas as 22 acusações sejam retiradas.
Reprodução/Wikileaks Mobile Information Collection Unit
A juíza Denise Lind ouve testemunhos sobre as condições de Bradley Manning na prisão
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Coombes rejeitou os argumentos de que o silêncio de Manning durante os nove meses em Quantico teria sido um sinal de potencial suicídio. “É claro que Manning fez a única coisa sã: parar de se comunicar com essas pessoas, porque tudo que ele fala é usado contra ele”, disse Coombes, de acordo com Firedoglake.
Entre julho de 2010 e abril de 2011, Manning foi mantido em segurança máxima e sujeito a duras restrições sob um regime de “prevenção de ferimentos”, estabelecida para proteger o soldado contra ele mesmo, como confinamento em quartos pequenos e observação constante. A corte ouviu que qualquer explicação sobre sua condição era tomada como evidência de risco de suicídio.
Segundo o advogado, quando Manning protestou sobre o absurdo de sua condição, dizendo que, se quisesse, poderia se matar com o elástico de sua cueca, Denise Barnes, comandante da brigada na época, ordenou que ele retirasse as roupas todas as noites como medida de precaução.
Barnes, por outro lado, culpa o próprio Manning por seu longo período de permanência: caso ele tivesse se apresentado e dito a ela que não queria cometer suicídio, em vez de permanecer em silêncio, ela o teria ouvido. “Nunca foi intenção punir Manning”, afirmou.
Analistas de inteligência em Quantico provocaram um reflexo internacional e pediram que um enviado da ONU especializado em tortura investigasse a situação. Depois que a ONU começou a denunciar as ocorrências, o chefe de correções da Marinha, Abel Galaviz, foi enviado à brigada. Ele disse à corte que a política corretiva foi quebrada em várias ocasiões e que Manning foi mantido em condições extremas por tempo demais. Suas cuecas tampouco deveriam ter sido retiradas nas respectivas circunstâncias.
Advogados do governo norte americano darão seus argumentos finais na terça-feira (18/12). Manning é acusado de “ajudar o inimigo”, como a Al Qaeda, ao passar centenas de milhares de documentos confidenciais para o site WikiLeaks. Ele corre o risco de ser condenado à prisão perpétua.
* Com informações do Guardian