Um dos mais controvertidos colaboradores civis do regime de Augusto Pinochet (1973-1990), envolvido no famoso caso da Caravana da Morte (1973), o advogado Daniel Rojas Hidalgo foi encontrado morto no banheiro de sua residência, em Copiapó, capital da província de Atacama, no norte do país (800 km de Santiago).
A perícia realizada pela Polícia Civil chilena indica que ele teria se suicidado, na tarde do dia de Natal, com um disparo na cabeça. Antes de seu último ato, o advogado, que tinha 67 anos, escreveu nas paredes do banheiro que desejava que seus restos fossem levados ao mar e que ninguém fosse declarado culpado por sua morte.
Daniel Rojas Hidalgo era auditor da Justiça Militar em outubro de 1973, quando o ditador recém empossado criou seu primeiro grupo de perseguição a opositores escondidos nas províncias do norte e do sul do país, episódio conhecido como Caravana da Morte. Figurou como réu nos processos judiciais envolvendo o caso, acusado de ter sido cúmplice do assassinato de 19 militantes do Partido Comunista, além outros dirigentes ligados ao governo de Salvador Allende (1970-1973).
Segundo os testemunhos incluídos no caso Caso Caravana da Morte, iniciado em 1999 pelo juiz Juan Guzmán Tapia, Rojas Hidalgo teria feito parte da comitiva que percorreu as províncias do norte do Chile, entre 16 e 22 de outubro de 1973. Também teria sido o autor de uma lista, anexada ao processo, que aponta os principais dirigentes allendistas do norte do país, todos os quais terminaram executados.
Em sua defesa, perante a Corte de Apelações de Santiago, o advogado confessou ter sido somente o autor dos atestados e das atas militares que encobriram os assassinatos, mudando a figura da causa da morte das vítimas de “juízo militar seguido de execução sumária” para “morte por feridas à bala após confronto com as forças militares”.
Em 2006, quando o Caso Caravana da Morte chegou à Suprema Corte de Justiça do Chile, tendo como relator o ministro Víctor Montiglio, novos depoimentos relataram uma frustrada tentativa de fuga de alguns dos dirigentes comunistas da província de Atacama, a qual teria contado com a colaboração de Daniel Rojas Hidalgo, que teria sido punido posteriormente pelo ocorrido. O advogado ainda não havia sido citado pela máxima instância judicial do país para confirmar esta nova versão.
Até hoje, a única punição decretada pela Suprema Corte no Caso Caravana da Morte ao norte do Chile foi a do general Sergio Arellano Stark, líder da comitiva condenado a seis anos de prisão, em outubro de 2008. No mês seguinte, seus advogados conseguiram provar, junto ao Serviço Médico Legal, que ele sofre de demência multifatorial, incluindo Alzheimer, o que deu a ele o benefício da prisão domiciliar.
NULL
NULL
NULL