Agência Efe
ONU teme que conflito no Iraque crie nova onda de refugiados
Agências humanitárias da ONU (Organização das Nações Unidas) definiram nesta sexta-feira (20/06) a situação no Iraque como “caótica”. De acordo com o órgão, são dezenas de milhares de deslocados internos que não podem ser ajudados, aumentando o temor do pelo número de refugiados diante da ampliação dos conflitos internos.
“A situação é caótica”, afirmou o porta-voz do Acnur (Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados), Adrien Edwards, ao definir a situação no Iraque, que tem vários conflitos em ebulição no momento.
Por enquanto, a ONU estima em 500 mil deslocados internos provocados pela tomada de Mossul pelo grupo jihadista EIIL (Estado Islâmico do Iraque e do Levante).
Além disso, as agências humanitárias procuram ajudar mais 500 mil pessoas forçadas a se deslocar em função do conflito na província de Al-Anbar, uma situação de crise prévia ao conflito com o EIIL nas últimas duas semanas.
Edwards afirmou que o Acnur está “muito preocupado” com a possibilidade dos combates provocarem deslocamentos, pois as agências da ONU já estão saturadas com a quantidade de pessoas que necessitam ajuda. E, além disso, pela impossibilidade de se chegar a todos os refugiados por questões de segurança.
Os números não são concretos e o Acnur, o OCHA (Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU) e a OIM (Organização Mundial das Migrações) não são capazes de dizer quantos deslocados não contam com ajuda internacional no Iraque, nem onde estão exatamente. A estimativa, no entanto, é de que 100 mil pessoas estejam nesta situação.
NULL
NULL
Acnur registra mais de 50 milhões de refugiados e deslocados no mundo em 2013
Mais de 50 milhões de pessoas estavam deslocadas à força em 2013, o número mais elevado desde a Segunda Guerra Mundial, informou o Acnur, em relatório divulgado hoje (20) em Genebra.
Em entrevista, o alto comissário, Antônio Guterres, disse que havia 10,7 milhões de novos deslocados em 2013 e 2,5 milhões de novos refugiados, o que caracterizou como “aumento colossal”.
Segundo o relatório Acnur, Tendências Globais 2013, no fim do ano passado, o número de deslocados fora ou dentro dos seus países atingiu 51,2 milhões, entre eles 16,7 milhões de refugiados. Esse total representa um aumento de 6 milhões de pessoas deslocadas em relação aos 45,2 milhões de 2012, que incluíam 15,4 milhões de refugiados.
“Isso demonstra que a paz está seriamente em déficit (…) Assistimos a uma multiplicação de novas crises (…). Ao mesmo tempo, antigas crises parecem nunca acabar e os problemas continuam em vários lugares do mundo”, declarou Guterres, ressaltando a capacidade limitada da comunidade internacional para encontrar soluções e prevenir crises. “Vemos que o Conselho de Segurança da ONU está paralisado perante muitos problemas cruciais”, acrescentou.
A guerra na Síria é uma das principais causas do aumento, sendo que no ano passado o conflito gerou 2,5 milhões de refugiados e 6,5 milhões de deslocados internos. Grandes movimentações de população foram registradas também na República Centro-Africana e no Sudão do Sul.
O relatório indica que do total de refugiados no mundo, 2,56 milhões são originários do Afeganistão, 2,47 milhões da Síria e 1,12 milhão da Somália. Os principais países de acolhimento de refugiados são o Paquistão (1,6 milhão), Irã (857.400), Líbano (856.500), a Jordânia (641.900) e Turquia (609.900).
A região da Ásia e do Pacífico contabiliza o maior número de refugiados no mundo, com 3,5 milhões de pessoas, seguida pela África Subsaariana (2,9 milhões), a África do Norte e o Meio Oriente (2,6 milhões).
(*) Com EFE, Lusa, New York Times