Em entrevista à TV estatal iraniana nesta quinta-feira (09/04), o líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, comparou os ataques aéreos realizados pela coalizão liderada pela Arábia Saudita contra o movimento de oposição xiita houthi no Iêmen à operação israelense na Faixa de Gaza em julho e agosto de 2014.
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Líder supremo do Irã, Khamenei critica o número de mortes de civis em operação árabe no Iêmen
“Os sionistas são mais poderosos do que os sauditas. Contudo, eles não conseguiram nem atingir seus objetivos em sua operação militar contra Gaza, que é uma pequena região. Já o Iêmen é um grande país, com milhões de iemenitas morando lá”, afirmou Khamenei, segundo a Al-Manar News.
O líder iraniano ainda classificou como “genocida” os bombardeios sauditas, argumentando que custou a vida de muitos civis.
“A agressão da Arábia Saudita contra o Iêmen e contra sua população inocente foi um erro. É um crime e um genocídio que precisa ser julgado em tribunais internacionais”, declarou o líder iraniano. ”Os sauditas vão absolutamente perder essa operação militar, vão engolir sapos e sair feridos”, acrescentou.
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Civis iemenitas tentam se abastecer com água na capital do país, Sanaa, controlada pela oposição xiita
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Ontem, a ajuda humanitária começou a chegar à cidade de Áden, onde duas embarcações das organizações Médicos Sem Fronteiras e Cruz Vermelha, carregados de equipamentos e remédios para atender os feridos. A crise – que afeta sobretudo os civis – ainda resultou em mais de 600 mil refugiados.
Entenda caso
Milícia de oposição xiita, os houthis pegaram em armas em várias ocasiões entre 2004 e 2010. Há tempos, o grupo reivindica uma maior participação no poder, um pacto contra a corrupção e a aplicação dos acordos assinados com as autoridades em setembro de 2014. Em fevereiro, eles tomaram o poder do país em fevereiro e controla capital – Sanaa – além de vários pontos estratégicos do território nacional, inclusive os palácios presidenciais.
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Grupo de homens simpatizantes aos houthis levantam suas armas e se concentram em Sanaa
No dia 26 de março, os sauditas passaram a liderar um bombardeio contra posições dos houthis no país vizinho. A ofensiva começou horas após o chanceler iemenita, Riad Yassin, pedir uma intervenção militar aos países árabes para conter o avanço dos opositores xiitas. A coalizão é composta ainda por Emirados Árabes Unidos, Kuwait, Bahrein e Egito, entre outros países.
O presidente do Iêmen, Abdo Rabbo Mansour Hadi, chegou a anunciar renúncia, mas dias depois mudou de ideia e voltou atrás. Há duas semanas, ele declarou que os houthis são “marionetes do Irã” e pediu que os ataques da coalizão árabe no país continuem até que eles se rendam. Atualmente, Hadi está refugiado em Riad, capital saudita.
Segundo a Associated Press, tanto o Irã quanto os houthis negam as alegações de que Teerã financia o movimento xiita no Iêmen. Indagados sobre as afirmações de Hadi, oficiais iranianos preferiram não comentar.