A Anistia Internacional expressou nesta sexta-feira (01/04) que o governo da Itália é responsável pela crise de superpopulação derivada da onda migratória que tem chegado na ilha de Lampedusa, no sul do país.
Segundo Anneliese Baldaccini, do escritório da entidade internacional em Bruxelas, “esta situação poderia muito bem ter sido evitada”. “Isso que os imigrantes estão vivendo na ilha está muito abaixo do mínimo dos direitos humanos”, considerou.
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Para a delegação da Anistia que está na ilha mediterrânea, “a crise que ocorre em Lampedusa na frente da imigração foi determinada pelas ações do governo italiano”.
O responsável pelo programa de refugiados da AI, Charlotte Phillips, acrescentou que tem ocorrido na ilha “violações de todos os gêneros, incluindo a completa falta de informações sobre procedimentos legais pela pedida requisição de asilo”.
A denúncia de que as autoridades italianas não têm sido transparentes sobre os processos de requisição de asilo já foi feita anteriormente pela própria Anistia, quando em 2009 a entidade acusou Roma de interceptar os refugiados ainda quando estavam em águas internacionais, enviando-os de volta para a África em péssimas condições.
Na opinião de Phillips, “os números de Lampedusa podem ser absolutamente manejáveis: 20 mil pessoas não são nada em comparação com centenas de milhares de fugitivos da Líbia ao Egito e à Tunísia” que surgiram logo após o início dos enfrentamentos entre os rebeldes líbios e as forças leais ao ditador líbio, Muamar Kadafi.
De acordo com o Acnur (Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados), mais de 380 mil pessoas já fugiram da Líbia por causa dos confrontos, sendo que mais de 193 mil foram para a Tunísia, mais de 156 mil para o Egito e os demais para Chad, Níger, Argélia e Sudão.
Phillips lembrou do acordo que as autoridades italianas mantinham até alguns dias atrás com o governo de Kadafi para bloquear a entrada de imigrantes em solo europeu e repatriar os africanos que entravam ilegalmente na Itália. “Queremos saber o que aconteceu com os 10 mil imigrantes provenientes da África Subsaariana que foram bloqueados na Líbia nesta época de guerra por causa do acordo feito antes entre a Itália e o governo de Trípoli”, questionou.
O trato mantido entre os governos de Silvio Berlusconi e Kadafi e assinado em 2008 previa que a Líbia recebesse e repatriasse os imigrantes ilegais que fossem interceptados a caminho das ilhas do sul da Europa, ainda no Mediterrâneo. No ano em que o tratado bilateral foi ratificado, mais de 31 mil africanos entraram na Itália pelo mar. Assim que o acordo passou a entrar em vigência, o número baixou 92%.
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