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Em 5 de junho de 2011, o presidente do Peru, Ollanta Humala, recebia a notícia de que havia vencido Keiko Fujimori, filha do ex-ditador Alberto Fujimori, com pouco mais de 51,4% dos votos. Um ano após a vitória, Humala mantém a aprovação de mais da metade da população, beneficiada pelo crescimento econômico do país, embora demandas da população mais pobre e de movimentos sociais e indígenas permaneçam latentes.
Desde a última década, o Peru vive sucessivas taxas de crescimento e acumula seu maior volume de investimentos diretos estrangeiros da história. Em 2011, ingressaram no país mais de 22 bilhões de dólares, o que impulsionou investimentos na expansão da malha rodoviária e da infra-estrutura energética do país.
Isso não tem impedido a insatisfação de parte da população peruana, que se vê marginalizada diante dos progressos financeiros alcançados ao longo desse primeiro ano do Governo Humala. Humala ainda não conseguiu amenizar conflitos enraizados na política do país pelo menos desde o primeiro governo do conservador Alan García, na década de 1980.
O principal desafio de Humala desde que venceu as eleições de 2011 concentra-se justamente na expansão de grandes transnacionais sobre o as atividades de pequenas comunidades rurais.
O presidente se deparou na última semana com protestos contra o controle de uma mina de cobre do sul do país pela multinacional Xstrata. Eleito sob a imagem do nacionalismo de esquerda, prometendo uma ruptura com o modelo de ação política que nasce durante os autoritários anos de Alberto Fujimori, o governo Humala optou por deter os protestos com o uso de força militar. Duas pessoas foram mortas na ocasião.
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Serviços públicos
A ministra peruana da Inclusão Social, Carolina Trivelli, participou na última terça-feira (29/05) de um fórum que avaliava o perfil dos investimentos da América do Sul. Questionada sobre como seu gabinete pretendia lidar com as reivindicações de movimentos sociais, respondeu que, antes de integrar uma região negligenciada ao processo de crescimento econômico do Estado, é necessário tempo para garantir bens básicos como alimentos e atenção à saúde.
“Com isso provavelmente não vamos resolver os protestos sociais, mas é o primeiro que temos que cobrir. O primeiro passo que temos que dar é garantir que todos os peruanos e peruanas possam ter acesso aos serviços públicos, que corresponde a eles por direito”, reconheceu.
Ela revela que, no foco das manifestações, “o índice da pobreza rural chega a quase 60% e a pobreza extrema na zona rural é de 23%”, índices que, a seu ver, preocupam. Mas ainda assim, lembra que “a inclusão social é um processo de longo prazo”: “Não vamos conseguir fazê-la em um ano, não conseguimos dizer que estamos sendo inclusivos. O que fizemos foi dar os primeiros passos com ações em direção à inclusão social”.
Esse ministério foi uma das primeiras medidas adotadas por Humala em seu governo, e já fazia parte de suas promessas de campanha antes do resultado do dia 5 de junho de 2011. Nas duas eleições que disputou, uma em 2006 e outra no ano passado, assumiu a tentativa de melhorar os indicadores sociais do Peru como seu principal desafio.