A repressão contra aqueles que defendem a volta de Manuel Zelaya ao poder em Honduras tem sido cada vez mais intensa desde que o presidente deposto voltou ao país, onde está abrigado na embaixada brasileira. Em contrapartida, o número de manifestantes aumenta e a Frente Nacional de Resistência ao Golpe se organiza para que as mobilizações aconteçam em todas as regiões.
O Comitê de Familiares de Detidos Desaparecidos em Honduras (Cofadeh) denunciou hoje (30) que, desde o golpe de Estado, em 28 de junho, “pelo menos 14 pessoas foram assassinadas no país”, declarou à Agência EFE a coordenadora do Cofadeh, Bertha Oliva.
Segundo Oliva, os assassinatos foram motivados “pela perseguição política” contra os que condenam a derrubada de Zelaya. Os homicídios teriam ocorrido nas cidades de Tegucigalpa, San Pedro Sula, El Paraíso e Santa Bárbara.
Oliva também disse que as forças de segurança do Estado estão “torturando gente”.
Nesta semana, cerca de 60 pessoas foram presas, entre elas um menor de idade, segundo informações da Frente Nacional Contra o Golpe. Gases tóxicos, perseguição e sequestro de jornalistas têm sido alguns dos meios mais utilizados para tentar impedir as manifestações, de acordo com o secretário-geral da Cuth (Confederação Unitária de Trabalhadores de Honduras) e membro da direção colegiada da Frente, Israel Salinas, em entrevista ao Opera Mundi.
“Sair na rua, onde quer que seja, é um desafio. Vamos continuar a resistência saindo às ruas, porque o que pretendem é assustar; é que não saiamos, mas não vão conseguir”, afirmou Salinas.
Ulises Rodríguez/EFE
Grupo de mulheres protesta nos arredores da Casa Presidencial em Tegucigalpa contra fechamento da Rádio Globo
Desde segunda-feira (28), quando o governo golpista decretou estado de sítio por 45 dias, as prisões podem ser decretadas arbitrariamente, pois, nestas condições, o direito ao habeas corpus fica suspenso. Além das garantias constitucionais, as liberdades de circulação e expressão estão restritas e reuniões foram proibidas.
”Os manifestantes estão organizando marchas de apoio a Zelaya nos bairros da capital Tegucigalpa e também em todas as cidades do país”, contou a militante Dolores Jarquin, da Aliança Social Continental, entidade que também apoia o movimento de oposição ao líder da ditadura, Roberto Micheletti.
Segundo ela, depois da chegada do presidente, na segunda-feira passada (21), a dificuldade para chegar ao centro da capital está cada vez maior. Parte daqueles que se opõem ao governo de Micheletti são agricultores e indígenas, que residem na zona rural, em locais mais afastados da capital.
Dolores e Salinas contaram que, apesar do aumento da repressão, do número de presos e de mortes, as pessoas continuam motivadas a protestar contra a ditadura instalada no país.
A resistência espera que, em breve, seja divulgada uma lista com o nome de presos políticos. Quem faz a defesa dos detidos políticos são os advogados da Organização de Perseguidos e Desaparecidos de Honduras.
Assista ao vídeo de Erasto Reyes, membro da resistência hondurenha
Liberdade de imprensa
Hoje, mais de cem pessoas protestaram em frente aos estúdios da Rádio Globo em Tegucigalpa, que foram fechados na segunda-feira (28).
“Queremos a Rádio Globo”, “povo que escuta, una-se a esta luta”, “o povo unido jamais será vencido”, gritavam os manifestantes enquanto agitavam bandeiras e exibiam cartazes com frases de repúdio à repressão do regime.
Um grande número de policiais e militares acompanhava o protesto. Alguns motoristas que passavam pelo local se juntaram aos manifestantes, fazendo um “buzinaço”.
Enquanto isso, a uma quadra do Palácio do Governo, cerca de 20 jornalistas da Rádio Globo e do Canal 36, emissora de televisão fechada no mesmo dia, reuniram-se exibindo cartazes para exigir ao governo golpista a devolução dos equipamentos apreendidos pela polícia, além da reabertura de ambos os veículos de comunicação.
A Rádio Globo e o Canal 36 eram os únicos meios que exigiam a restituição do poder a Manuel Zelaya. Apesar de a emissora ter sido fechada, o sinal da Rádio Globo está sendo retransmitido por várias rádios locais em cidades como Santa Rosa de Copán, San Pedro Sula e Intibucá, além da Rádio Mi Gente de El Salvador, cujo sinal é captado em Honduras.
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