O primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, declarou nesta segunda-feira (11/04) que os líderes políticos do país devem tornar públicas as declarações de imposto de renda. Cameron divulgou neste domingo (10/04) suas declarações, após ter dito que lucrou com a empresa offshore do seu pai, Blairmore Holdings Inc, citada nos documentos “Panama Papers”.
“Penso existir um forte argumento para que o primeiro-ministro e o líder da oposição [o trabalhista Jeremy Corbyn], o ministro das Finanças [o conservador George Osborne] e o da oposição [o trabalhista John McDonnell], [divulguem suas declarações] porque são pessoas que são ou desejam ser responsáveis pelas finanças do país”, disse o premiê, em um pronunciamento no Parlamento.
EFE
Declarações de imposto de renda de Cameron, referentes ao período de 2009 a 2015, foram divulgadas neste fim de semana
Corbyn, Osborne e McDonnell divulgaram declarações recentes de imposto renda. A mesma medida foi tomada por Boris Johnson, prefeito de Londres e parlamentar do Partido Conservador, o mesmo do premiê.
O primeiro-ministro, no entanto, deixou claro que se referia apenas às lideranças políticas do Reino Unido. Ele defendeu que os demais parlamentares mantenham suas declarações em sigilo. “Nós deveríamos avaliar cuidadosamente antes de abandonar por completo a confidencialidade dos contribuintes nesta Casa, como alguns sugeriram”, declarou.
NULL
NULL
“Se isso fosse ocorrer com os parlamentares, as pessoas também pediriam uma medida semelhante com aqueles que nos fazem perguntas, que dirigem grandes serviços públicos, ou lideram governos locais, ou aqueles que editam programas de notícias ou jornais. Eu acho que esse seria um grande passo para o nosso país, certamente não deveria acontecer sem um longo e profundo debate e não é a medida que eu recomendaria”, disse Cameron, cujas declarações divulgadas abrangem o período de 2009 a 2015. Ele, que diz ter vendido suas ações da Blairmore Holdings Inc antes de assumir o cargo a fim de evitar aparentes conflitos de interesse, é o chefe de governo do Reino Unido desde maio de 2010.
Corbyn criticou o pronunciamento do premiê, classificado por ele como “aula magna na arte da distração”. “O que eles [jornalistas que trabalharam nos 'Panama Papers'] expuseram é o que muitas pessoas sentem cada vez mais: atualmente existe uma regra para os super-ricos e outra para os demais. Honestamente eu não estou certo que você [Cameron] preza pela raiva que existe lá fora por conta dessa injustiça”, afirmou o líder da oposição.
Milhares de britânicos protestaram nos últimos dias no país pedindo a renúncia de Cameron por conta do escândalo mundial revelado pelos “Panama Papers”.
Uma pesquisa divulgada na última sexta-feira (08/04) indicou que, pela primeira vez, a aprovação de Cameron foi superada pela de Corbyn. O índice do premiê é o mais baixo desde julho de 2013. A consulta foi feita na semana passada, após a divulgação dos “Panama Papers”, mas antes da declaração em que Cameron disse ter lucrado com a empresa offshore do pai.