A Frente Ampla, coalizão governista do Uruguai e formada por partidos do centro à esquerda, defendeu nesta quinta-feira (15/09) o fechamento da Escola Militar do país após a denúncia de que cinco marinheiros uruguaios da Minustah (Missão de Estabilização das Nações Unidas) teriam abusado sexualmente de um jovem no Haiti.
A proposta, que relaciona o ocorrido com a formação do corpo militar do país, conta com o apoio do PCU (Partido Comunista do Uruguai) e do MPP (Movimento de Participação Popular), legenda fundada pelo presidente José Mujica, majoritária na coalizão.
Leia mais:
ONU envia equipe ao Haiti para acompanhar denúncia de abuso sexual
'Haiti não é Líbia, Afeganistão ou Iraque', diz José Genoino
Brasil não pode esperar situação perfeita para retirar tropas do Haiti, diz Amorim
Uruguai ordena retorno de militares acusados de violência sexual no Haiti
Haiti: cai número de deslocados internos em acampamentos provisórios
As siglas defendem que os militares cursem o segundo grau em escolas públicas, e não na escola militar, como ocorre atualmente.
O presidente do PCU, Jorge Castro, afirmou que “muitas vezes as situações dentro das missões estão fora de controle”, e, portanto, “o que deve desaparecer é uma formação que não faz bem ao espírito democrático do país”, opinou.
Para o deputado do MPP Esteban Pérez, a educação que os militares recebem “está impregnada da doutrina da segurança nacional da ditadura” que governou no país de 1973 a 1985. Ele recordou a figura histórica de José Artigas, símbolo da luta pela independência do Uruguai, como uma possibilidade de inspiração para a formação das próximas gerações de militares.
O tema já chegou a ser levantado pelo MPP no governo de Tabaré Vázquez (2005-2010), também da Frente Ampla, mas nunca foi adiante.
A divulgação na internet de um vídeo que mostra um suposto estupro dos militares contra o jovem Jhony Biulisseteh, de 18 anos, em uma base da ONU (Organização das Nações Unidas) repercutiu em todo o mundo e mobilizou órgão, que hoje enviou uma delegação para apoiar a Minustah.
Na semana passada, o governo uruguaio pediu desculpas publicamente às autoridades e ao povo haitiano pelo ocorrido, garantindo que punirá os envolvidos. Também foi afastado o titular do contingente naval do Uruguai no Haiti, Alberto Caramés.
A chefia da missão no Haiti, atualmente a cargo do Brasil, autorizou a repatriação dos cinco marinheiros uruguaios para que respondam judicialmente às acusações.
Siga o Opera Mundi no Twitter
Conheça nossa página no Facebook
NULL
NULL
NULL