A aliança de oposição MUD (Mesa da Unidade Democrática) rejeitou oficialmente nesta quinta-feira (26/01) a proposta apresentada na semana passada pelos mediadores do processo para retomar o diálogo, suspenso no início de dezembro, com o governo de Nicolás Maduro na Venezuela.
“O experimento de ‘diálogo’ que se desenvolveu na Venezuela entre 30 de outubro e 6 de dezembro de 2016 é um capítulo fechado que não voltará a se abrir”, declarou a MUD em comunicado. A coalizão opositora também voltou a acusar o governo de não cumprir com o acordado e acrescentou que, por isso, tal “experimento de diálogo” não terá, “da nossa parte, nem continuidade nem ‘segundas partes’.”
A MUD também declarou que “está trabalhando intensamente e consultando diversos atores sociais” para a elaboração de uma nova proposta a ser apresentada aos mediadores, “em que não só as organizações políticas, como toda a sociedade democrática, expressem à comunidade internacional suas demandas e propostas para a restituição do fio constitucional na Venezuela a volta de nosso país à democracia”.
O grupo de mediadores – Ernesto Samper, secretário da Unasul, o Vaticano e os ex-presidentes José Luis Rodríguez Zapatero (Espanha), Leonel Fernández (República Dominicana) e Martín Torrijos (Panamá) – entregou no dia 20 de janeiro aos representantes da MUD e do governo Maduro um plano de 21 pontos para reestabelecer o processo de diálogo, suspenso no começo de dezembro.
Agência Efe
Mediadores em reunião com a mesa diretora da Assembleia Nacional venezuelana, formada por legisladores opositores a Maduro, na última sexta-feira (20/01)
A aliança opositora não conseguiu consenso sobre o plano de trabalho proposto pelos mediadores. Segundo fontes da MUD afirmaram à agência Efe, a aliança opositora apresentará uma proposta para estabelecer um novo processo de diálogo com o Poder Executivo, com novo formato e novos mediadores.
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O deputado Freddy Guevara, coordenador nacional do partido opositor Vontade Popular, indicou à Efe que, apesar de sua legenda não ter participado do diálogo, a presença dos opositores em um novo processo não pode ocorrer sob as mesmas condições e mediadores.
Vários opositores questionaram a imparcialidade dos ex-presidentes nos encontros, sugerindo que eles estavam favorecendo a posição do governo nos diálogos.
O deputado governista Héctor Rodríguez, do GPP (Grande Polo Patriótico), afirmou nesta sexta-feira (27/01) que “as rupturas internas da MUD” são a razão para o colapso deste processo de diálogo entre oposição e governo.
“As aspirações dos dirigentes dentro da oposição seguem sendo contraditórias e pessoais, por isso não se avança no diálogo e se prometem mentiras a seus apoiadores”, declarou em entrevista na rádio Unión.
Para Rodríguez, o país não pode depender de “rupturas internas” dos partidos de oposição, que “não querem reconhecer que existe um panorama aberto com a participação de atores internacionais para que haja diálogo”.
*Com Agência Efe