Os ministros de Economia dos países membros da zona do euro se reúnem neste sábado (11/07) em Bruxelas para discutir o novo plano de reformas da Grécia, aprovado na madrugada de hoje pelo Parlamento grego.
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Agência Efe
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Sob a presidência do holandês Jeroen Dijssewlbloem, a reunião do Eurogrupo, que acontece à véspera de um sessão deliberativa com os líderes das 28 nações da União Europeia, além de gerar consequências sobre a permanência ou não de Atenas no sistema de moeda única europeu, decidirá sobre o acordo com a Grécia, que pede um terceiro pascote de resgate financeiro para aliviar a asfixia financeira que vive o país: € 53 bilhões por um período de três anos, somando-se aos atuais € 312 bilhões, total da dívida grega.
Aprovação no parlamento
Depois de um longo debate, que avançou pela madrugada, o Parlamento grego aprovou, com o apoio de 250 dos 300 parlamentares, o programa de reformas apresentado na quinta-feira (09/11) por Atenas aos credores internacionais na tentativa de garantir um acordo sobre a dívida do país.
A votação histórica começou à meia-noite, no horário local. Na abertura dos trabalhos, o primeiro-ministro Alexis Tsipras pediu apoio dos parlamentares para evitar a saída do país da zona do euro. “Estamos lutando pelo direito do povo grego. Tenho certeza de que essa batalha não será em vão”, enfatizou.
Do lado de fora do parlamento, manifestantes expressaram sua indignação com o pacote de medidas, que mantém boa parte das demandas dos credores internacionais rejeitadas por 61% da população no plebiscito do último domingo (05/07).
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Na proposta, além de novo empréstimo até 2018, a Grécia pede a reconfiguração de sua dívida e a revisão das metas do superávit primário, que estabelece quanto o governo pode gastar em relação ao que arrecada. Em troca, Atenas promete € 13 bilhões em cortes nos gastos públicos, além de uma série de reformas que incluem pontos antes considerados polêmicos, como o fim da isenção de impostos sobre as ilhas gregas, o corte do complemento de aposentadorias para pensionistas mais pobres e a ampliação para 67 anos da idade de aposentadoria.
Troika
Especialistas da troika — os principais credores da dívida grega — formada por Comissão Europeia, BCE (Banco Central Europeu) e FMI (Fundo Monetário Internacional) passaram a sexta-feira analisando o documento de 13 páginas para produzir uma análise de risco que será submetida aos ministros durante a reunião de hoje do Eurogrupo. Informações divulgadas pela imprensa europeia apontam que a avaliação dos credores internacionais foi positiva, dando sinal verde para a liberação de mais um pacote de ajuda financeira à Grécia.
Agência Efe
'Fiz o que foi humanamente possível nas difíceis circunstâncias', disse Tsipras, ao argumentar concessão a credores em novo plano
Há um grande otimismo na reta final das negociações. Ao longo desta sexta-feira, vários líderes europeus vieram a público demonstrar satisfação com a proposta apresentada por Atenas. Ao que tudo indica, depois de cinco meses de duras negociações e de muito desgaste para os dois lados, um acordo será alcançado, afastando, pelo menos por enquanto, o fantasma da saída da zona do euro.
Mas, entre a população, o pacote não gerou as mesmas reações positivas. O ateniense Evangelos Kolilas, que trabalha como garçom em um restaurante local, disse que o não à austeridade, expresso nas urnas do plebiscito de domingo, foi transformado em sim pelo governo. “Aonde chegaremos com tantos impostos? Vamos ter que vender tudo para pagar impostos?, indagou.
Em Santorini, um dos principais destinos turísticos da Grécia, empresários e trabalhadores estavam revoltados. A gerente de restaurante, Fany Christou, acha que a subida dos impostos vai afetar os preços e prejudicar os negócios nas ilhas. “Altos impostos, altos preços para os consumidores. Não sei se será a melhor coisa”, disse.
(*) Com informações da Agência Efe e da correspondente Gislene Nogueira, da Agência Brasil