As forças políticas argentinas começaram a fazer campanha apenas 48 horas após a oficialização das listas para as eleições legislativas de 28 de junho. Cada uma à sua maneira. Por um lado, o ex-presidente Nestor Kirchner – aspirante a deputado federal pela província (estado) de Buenos Aires – visitou ontem (11) o município de Quilmes, ao sul da capital do país. Já a principal força oposicionista, conhecida como Acordo Cívico e Social – conduzida pela ex-deputada Elisa Carrió – preferiu se concentrar nos tribunais eleitorais de Buenos Aires para impugnar as candidaturas de Kirchner, no atual governador Daniel Scioli e do chefe de gabinete de Ministros nacional, Sergio Massa.
Tal como a lei eleitoral estipula os partidos e alianças que formalizaram suas candidaturas para junho já estão habilitados a realizar atos públicos e propaganda para promover as principais figuras políticas. Por isso Kirchner se lançou em uma caminhada por Quilmes, localidade-chave da província de Buenos Aires na disputa pelo controle do principal distrito eleitoral do país. “Tudo está indo muito bem”, disse aos jornalistas que o acompanharam e acrescentou que “o que nos preocupa é aprofundar o modelo”. O ex-presidente não disse mais nada e depois seguiu para uma escola técnica.
Néstor Kirchner visita escola técnica em Quilmes – Telam -11/05/2009
“Candidatos testemunhais”
Não muito longe dali, em La Plata (capital da província de Buenos Aires) Ricardo Gil Lavedra, o candidato pela aliança Acordo Cívico e Social, onde estão reunidos ex-membros do partido União Civil Radical (UCR) como Carrió, radicais como o próprio candidato e o vice-presidente, Julio Cobos, há não muito tempo expulso da UCR, se apresentou ante o juiz eleitoral para impugnar o que está coalizão definiu como “candidatos testemunhais”, já que consideram que estão se candidatando com clara intenção de não assumir os cargos caso sejam eleitos. “São candidatos falsos e, por isso, frustram os eleitores”, afirmou Lavedra, que aspira se tornar deputado pela capital federal.
Lavedra estava acompanhado pelo atual senador nacional e presidente da UCR, Gerardo Morales, que confirmou que foi feita uma queixa contra Kirchner por considerar que os prazos estipulados pela lei eleitoral para que um cidadão não originário do distrito seja autorizado a concorrer às eleições não foram cumpridos. Morales considera que Kirchner, nativo da província de Santa Cruz, na Patagônia, não tem dois anos de residência fixa em Buenos Aires – pré-requisito para ser candidato – apesar de ele ter vivido quatro anos a residência oficial de Olivos.
Sem embates
Diferente foi a atitude de um dos líderes da outra aliança de centro-esquerda, o atual prefeito de Buenos Aires, Mauricio Macri, que anunciou que a sua coalizão não pensa em perder tempo em disputas legais. O empresário e político foi breve na hora de opinar. Disse que não apresentará queixas frente à Justiça e que não faz parte das “candidaturas testemunhais”.
O posicionamento de Macri nada tem de gratuito. Nas últimas eleições, o Acordo Cívico e Social considerou como um engano para a sociedade a apresentação de candidatos que hoje exercem funções executivas, como é o caso de Scioli, mas, sobretudo de sua vice-prefeita, Gabriela Michetti, que deixará o posto para ser a cabeça da lista de deputados federais para a capital federal.
Michetti somente conduziu uma sessão da Legislatura portenha desde que assumiu em 10 de dezembro de 2007. Um exemplo nada conveniente para uma força que se apresenta como “a nova política”.
Macri tampouco quer se envolver nesta polêmica, pois tem como antecedente o fato de ter sido um dos deputados federais com um dos maiores índices de ausência nas sessões da Câmara. Somente em 2007 faltou 277 vezes das 321 em que se votaram leis e somente algumas vezes vez uso da palavra.
A eleição vai renovar metade da Câmara de Deputados (127 de 257) e um terço do Senado (24 de 72). O voto para a Câmara argentina é dado aos partidos, que fazem listas fechadas com uma ordem predeterminada. Se uma legenda obtiver votos suficientes para eleger dez deputados, serão eleitos os dez primeiros da lista.
*(Colaborou Daniella Fernandes)
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