A presidente argentina, Cristina Kirchner, e o uruguaio, José Mujica, concordaram em controlar juntos a fábrica de pasta de celulose do grupo UPM (ex-Botnia) e descartaram a possibilidade de retirar a indústria de Fray Bentos.
A solicitação pela saída da companhia da localidade uruguaia é reivindicada por ambientalistas da cidade argentina de Gualeguaychú, que bloqueiam há quatro anos uma ponte binacional. A proibição da passagem ocasiona sérias perdas economias aos uruguaios.
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Em coletiva de imprensa após a reunião ontem (28/4) na residência oficial de Olivos, a cerca de 20 quilômetros de Buenos Aires, Cristina e Mujica falaram sobre a divergência diplomática pela primeira vez desde a sentença da Corte Internacional de Justiça, sediada em Haia, na Holanda.
No último dia 20, a Corte anunciou a decisão do tribunal sobre o processo apresentado pela Argentina contra a construção da indústria. Para Buenos Aires, a permissão unilateral para a instalação da fábrica na região violava o Tratado do Rio Uruguai, que prevê que as duas nações devem decidir em conjunto a administração da área da fronteira.
De acordo com os juízes, o Uruguai “não respeitou a obrigação que lhe impõe o primeiro parágrafo do artigo 7 do tratado”, de notificar à Comissão Administradora do Rio Uruguai (Caru, organismo binacional) para que esta “decida se o projeto pode trazer prejuízos”.
Descartando a existência de soluções “mágicas” aos problemas, Mujica afirmou hoje que é “necessário apostar em um processo de etapas sucessivas, onde a sociedade tenha confiança nos dados que a ciência nos aportará”.
Tais dados, segundo os dois mandatários, serão fornecidos por meio do controle conjunto da UPM, sob a coordenação da Caru, o que também foi determinado por Haia.
Por sua vez, Cristina enfatizou a intenção de seu governo de “remarcar a vontade política de respeitar a sentença” e reiterou a sua intenção de “reconstruir uma agenda” com o país vizinho.
“Estamos no começo de um processo que definiria o relançamento definitivo do que nunca deveria ter deixado de existir”, afirmou a chefe de Estado, advertindo, porém, sobre a necessidade de se respeitar os tratados bilaterais, principalmente o que rege a administração do Rio Uruguai.
Bloqueio
Embora tenham acordado respeitar a decisão de Haia, nenhum dos dois líderes falou sobre o bloqueio da ponte General San Martín. Ao anunciar a sentença, a corte também afirmou que a indústria não polui o rio. Assim, as críticas dos ativistas não teriam motivação.
O grupo, que desde 2006 impede a passagem de pessoas e veículos de um lado ao outro da fronteira, iria analisar as medidas que pretende tomar após a definição de Mujica e Cristina. O encontro dos manifestantes estava programado para a noite de hoje.
Ambos os presidentes também anunciaram uma nova reunião, que deverá ocorrer entre 26 e 31 de maio no Uruguai, com o objetivo de “retomar” a relação diplomática, bastante abalada pelo litígio.
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