O governo cubano anunciou nesta sexta-feira (14/12), por meio do site oficial Cubadebate, que o ativista político espanhol Ángel Francisco Carromero Barrios, ligado ao conservador PP (Partido Popular) cumprirá a pena de quatro anos de prisão proferida no último mês de outubro em seu país.
Carromero foi sentenciado no dia 15 de outubro de 2012 a quatro anos de prisão pela morte de dois opositores cubanos em um acidente automobilístico ocorrido no dia 22 de julho em Granma, ao leste de Havana. A sentença foi anunciada pelo tribunal provincial de Granma, que o condenou por homicídio culposo pelas mortes de Oswaldo Payá e Harold Cepero.
No dia anterior, foram concluídas as conversas entre as delegações dos ministérios de Justiça da Espanha e de Cuba, em relação ao pedido de transferência de Carromero para cumprir sentença ditada pelo Tribunal Provincial Popular de Granma em território espanhol.
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A decisão respeita o acordo firmado entre os dois países a respeito de execução de sentenças penais. Segundo o artigo 3 desse acordo bilateral, “as penas ou medidas de segurança privativas de liberdade impostas no território da República de Cuba poderão ser cumpridas em estabelecimentos penitenciários espanhóis ou baixo a vigilância de suas autoridades”. O acordo vale para condenações inferiores a cinco anos.
Carromero deverá ser transferido para a Espanha assim que os trâmites burocráticos forem encerrados.
Payá era líder do MCL (Movimento Cristão de Libertação), que luta pela queda do governo cubano e tem laços com o PP.
Ele, Cepero e Carromero, ao lado de um quarto viajante, o ativista sueco Jens Aron Modig, presidente da KCU (Liga da Juventude Democrata Cristã da Suécia), viajavam para o sul do país onde investigariam um surto de cólera (já debelado na época), para culpabilizar o governo.
Cubadebate
Carro envolvido no acidente foi mais danificado na parte traseira, onde estavam os dois dissidentes
No entanto, ao passarem por Granma, Carromero, que estava ao volante, perdeu o controle do carro. Segundo as investigações, no dia do acidente, Carromero estaria dirigindo em alta velocidade (120 quilômetros por hora) e ignorado a sinalização de um trecho que estava em reformas e com o piso escorregadio. Após entrar nesse trecho em alta velocidade e frear de forma brusca, o motorista perdeu o controle de veículo, que derrapou por 63 metros até bater contra uma árvore na beira da estrada. A parte traseira do carro, onde estava Payá e Cepero, foi completamente destruída, e ambos morreram na hora.
Em depoimento realizado em agosto, o ativista alegou em seu primeiro depoimento que tudo não passou de um acidente de trânsito. Ele também negou que algum outro veículo tenha fechado seu carro, como foi alegado por outros opositores cubanos e a família de Payá, que tentavam responsabilizar o governo.