Ativistas pró-Rússia que ocupam o prédio do governo local de Donetsk, cidade no sudeste da Ucrânia a 80 km da fronteira russa, desde domingo (06/04) declararam nesta segunda-feira (07/04) sua independência e proclamaram que a região agora é uma “república soberana” que não estará mais subordinada ao governo central da capital Kiev.
“A República Popular de Donetsk se estabelece dentro dos limites administrativos da região. Esta decisão passará a ter efeitos após o referendo”, assinala o documento, ao agendar para o mês de maio uma consulta popular que decidirá se a população deseja ou não separar-se da Ucrânia. Divulgada no YouTube, a declaração foi lida por um dos manifestantes e líder do Conselho Popular de Donetsk — instituição política que não reconhece a autoridades ucranianas e se autodeclarou o único corpo político legítimo da região.
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Agência Efe
Manifestantes hateiam bandeiras russas à frente do prédio da administração regional em Donetsk, no sudeste da Ucrânia
O conselho também anunciou que está marcado para 11 de maio — duas semanas antes das eleições presidenciais na Ucrânia — um referendo popular que decidirá se Donetsk continua unida a Kiev ou se passa a fazer parte da Rússia, como aconteceu com a Crimeia há algumas semanas, após a deposição do presidente Viktor Yanukovich, no fim de fevereiro.
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“Só na Rússia vemos o defensor de nossa cultura russa. Apenas um contingente de paz do Exército russo pode mandar um claro sinal para a junta de Kiev, que tomou o poder com armas e sangue. Estamos prontos para lutar por nossas ideias, por nossos ideais, mas sem o seu apoio, sem a ajuda da Rússia não será fácil resistir diante da junta de Kiev”, disse o representante do conselho, que pedirá ao presidente russo, Vladimir Putin, uma intervenção militar na região.
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Agência Efe
Ativistas pró-federalização da Ucrânia se reúnem no principal prédio governamental em Donetsk, a 80 km da fronteira com a Rússia
Os ativistas, que controlam dois edifícios administrativos na região (as sedes do governo regional e do Serviço de Segurança da Ucrânia, tomadas nas últimas horas), retiraram as bandeira as bandeiras do Executivo e içaram no local bandeiras russas e também o estandarte da organização civil “República de Donetsk”.
Sobretudo no sudeste da Ucrânia, onde a população tem predominantemente identificação com a cultura e o idioma russo, diversas cidades têm sediado manifestações pela federalização do país, movimento que daria mais autonomia às regiões separatistas em relação ao governo central de Kiev.
“Medidas antiterror”
Também hoje, o presidente interino da Ucrânia, Alexandr Turchinov, disse que Kiev prepara uma série de “operações antiterroristas” para reprimir os manifestantes que pegaram em armas contra as autoridades ucranianas. Nesta semana, o Parlamento deverá discutir a adesão de leis mais rígidas contra levantes separatistas, podendo até banir certos partidos e organizações civis, conforme alertou Turchinov.
“O que presenciamos ontem é a segunda onda da operação especial da Federação Russa contra a Ucrânia”, disse Turchinov, acusando Moscou de estar por trás do movimento. O ministro do Interior também acusou o presidente Vladimir Putin de orquestrar uma “desordem separatista” no leste e no sudeste da Ucrânia, região que pertencia à extinta União Soviética.
Em resposta, a Rússia afirmou que Kiev precisa “parar de apontar o dedo” contra Moscou. “Parem de culpar a Rússia por todos os problemas atuais da Ucrânia”, disse o chanceler russo, Sergei Lavrov, reiterando que Moscou continua a favor de uma reforma constitucional que dê mais poder às regiões ucranianas.
Agência Efe
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“Respeito as distintas posturas políticas, incluindo as de nossos oponentes. Mas, o separatismo e o uso de armas contra o próprio Estado, algo que ameaça diretamente a segurança e a vida de nossos cidadãos, não é política, é um crime grave. E contra os criminosos atuaremos com determinação”, completou o presidente provisório. Por sua vez, o ministro interino das Relações Exteriores, Andrey Deschitsa, disse que as forças de segurança ucranianas adotarão medidas “muito mais duras” do que aquelas empregadas no conflito da Crimeia.
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No início da tensão na Ucrânia, em novembro de 2013, um dos principais motivos para a escalada do confronto e o aumento do apoio popular em Kiev que levou à deposição de Yanukovich foi justamente a adoção por parte do governo de medidas mais duras para reprimir os manifestantes. Um pacote de “leis antiterroristas” aprovado pelo então presidente inflamou ainda mais a indignação dos manifestantes que protestavam contra Yanukovich após ele ter rejeitado a assinatura de um acordo econômico com a União Europeia.
(*) Com informações da agência Efe