Os cinco cubanos presos nos Estados Unidos e acusados de espionagem a mando do governo de Cuba podem ser libertados e mandados de volta à ilha, a partir de uma decisão política da administração Barack Obama. Pelo menos essa é a percepção da defesa deles. O governo cubano confirma.
“Já aconteceu durante a Guerra Fria. Poderia acontecer agora”, afirmou ao Opera Mundi Paul McKenna, advogado de Gerardo Hernández, considerado pelas autoridades norte-americanas o chefe da chamada “Rede Vespa”, nome do grupo de espiões cubanos capturados em 1998 em Miami.
A Rede Vespa, inicialmente constituída por dez presos – posteriormente outros sete foram indiciados –, foi acusada de espionar instalações militares norte-americanas e organizações de exilados cubanos baseadas no sul do estado da Flórida, durante quase dez anos.
Os principais líderes – Hernandez, Ramón Labaniño, Fernando González, Antonio Guerrero e René González, os dois últimos norte-americanos – foram condenados em 2001 a penas severas, que variavam de prisões perpétuas a 15 anos de cárcere. Desde então, os cubanos são considerados “heróis” pelo governo de Cuba.
A notícia de que a libertação dos presos era possível – eles seriam postos em liberdade em troca de dissidentes cubanos ou fugitivos da Justiça norte-americana – surgiu logo após as condenações. Seria uma repetição do período da Guerra Fria, quando os Estados Unidos trocaram espiões soviéticos por presos norte-americanos em Moscou. A decisão política de não manter indefinidamente presos os espiões estrangeiros sempre foi a postura do país.
De fato, o Departamento de Justiça nunca reconheceu Antonio Guerreiro e René González como cidadãos norte-americanos, mas sim como cubanos, o que levantou especulações de que a libertação antes do cumprimento da pena era possível.
“Não vou me aprofundar em análises políticas, mas também não nego que possam ser libertados por uma decisão política”, ascrescentou McKenna.
As libertações foram objeto de especulação logo que os “heróis” foram condenados, uma vez que os Estados Unidos só mantêm presas nesse tipo de situação pessoas nascidas no país, como é o caso do norte-americano Jonathan Pollard, espião israelense capturado há mais de 20 anos, cuja libertação é o maior entrave político entre Tel Aviv e Washington.
Cuba pretende fazer “um gesto”
Em dezembro, durante visita ao Brasil, o presidente Raúl Castro disse que Cuba estaria disposta a fazer “um gesto”. “Desejam libertar os dissidentes cubanos? Bom, vamos mandá-los para lá [Estados Unidos] com toda a família, mas que nos devolvam os cinco heróis. Seria um gesto das duas partes”.
O caso dos cinco cubanos entrou esta semana na pauta da Suprema Corte dos Estados Unidos. Se o tribunal não o julgar, as penas a que foram condenados se mantêm e uma libertação dependerá de um gesto político. O gesto seria discreto e, de acordo com especialistas, só se tornaria público quando os presos voltassem a Cuba.
Ontem, o ministro das Relações Exteriores de Cuba, Felipe Pérez Roque, confirmou a oferta ao governo Barack Obama de trocar presos políticos pelos cinco agentes, segundo a agência EFE. “Toda e qualquer palavra dita por Raúl [Castro] está de pé”, disse, referindo-se à visita do presidente ao Brasil.
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