A presidente da organização Avós da Praça de Maio na Argentina, Estela de Carlotto, anunciou na quinta-feira (26/10) durante o 40º aniversário da organização a comprovação da identidade da 125ª neta restituída. A filha da militante Lucía Rosalinda foi apropriada ilegalmente durante a ditadura militar que vigorou na Argentina entre 1976 e 1983.
“As Avós de Praça de Maio estão imensamente felizes em comunicar a restituição da filha de Lucía Rosalinda Victoria Tartaglia”, informou Estela de Carlotto.
Lucia Tartaglia, mãe da neta restituída, nasceu em 1953 em Santa Rosa, capital da província de La Pampa, e se mudou para Buenos Aires para estudar Direito. Tartaglia militava na Juventude Universitária Peronista em La Plata (sul de Buenos Aires) e foi sequestrada em 27 de novembro de 1977, com a idade de 24 anos. Quando a família descobriu que estava grávida, ela começou a procurar o neto ou neta que nasceu em cativeiro.
Vladimir Platonow/Agência Brasil
Presidente da associação das Avós da Praça de Maio, Estela de Carlotto
“Graças à perseverança da nossa busca e de todo o movimento dos Direitos Humanos, hoje a 125ª neta pode conhecer a verdade sobre sua origem”, acrescentou em comunicado da organização humanitária.
O processo de identificação começou quando a família soube da gravidez e empreendeu a busca pela criança através de amostras de DNA no Banco Nacional de Dados Genéticos. A filha de Tartaglia , que teve a identidade mantida em sigilo, foi convocada durante uma investigação sobre a sua identidade e informada da possibilidade que fosse filha de um desaparecido.
Após um tempo de reflexão, ela concordou em dar voluntariamente amostras biológica para análise no Banco Nacional de Dados Genéticos. Na última quarta-feira (25/10), o resultado da análise foi comunicado à Justiça.
De acordo com a organização, a avó da menina, María Rosario López de Tartaglia, faleceu sem conhecer a neta.
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A importância das Avós de Maio
A Associação Civil Avós da Praça de Maio é uma organização não-governamental, que tem por intuito localizar e retornar às famílias legítimas todas as crianças desaparecidas em sequestros pela ditadura militar argentina (1975-1983). A ideia é, também, criar as condições para prevenir que esses crimes voltem a ocorrer, exigindo punição aos responsáveis.
De acordo com estimativas da ONG, durante o regime militar, as autoridades se apropriaram de pelo menos 500 bebês, muitos deles nascidos em centros de torturas, hospitais militares e delegacias.
*Com Telesur