Atualizada às 23h54
Andres Manuel López Obrador, conhecido como AMLO, será eleito o novo presidente do México, segundo pesquisa de boca de urna divulgada na noite deste domingo (01/07), levando um candidato progressista ao poder pela primeira vez no país.
Segundo o levantamento apresentado pela emissora Televisa, López Obrador terá entre 43% e 49% dos votos, contra 23% a 27% de Ricardo Anaya, do PAN, e 22% a 26% de José Antonio Meade do PRI, partido do atual presidente Enrique Peña Nieto. Jaime “El Bronco” Rodríguez aparece com votação entre 3% e 5%. Não há segundo turno no México.
Meade, do PRI, concedeu a derrota por volta das 20h30 locais (22h30 no Brasil), dizendo que a tendência se mostrava “favorável” a AMLO. Por sua vez, Anaya também reconheceu a vitória de AMLO. “Nas causas em que nos são comuns, contará com nosso apoio. Na agenda em que dissentimos, encontrará uma oposição tão firme e frontal quanto institucional e democrática”, disse.
Apoiadores de López Obrador se concentram no Zócalo, no centro da capital mexicana, à espera do resultado final da contagem rápida, que deve apresentar resultados irreversíveis por volta das 23h locais (1h de segunda em Brasília), de acordo com o INE (Instituto Nacional Eleitoral).
Caso os dados se confirmem, o ex-prefeito da Cidade do México, que disputa a presidência pela terceira vez, colocará fim a um longo período de hegemonia do PRI, que governou o país de modo ininterrupto de 1929 a 2000, ano em que o PAN, também de direita, assumiu os dois mandatos seguintes (de 2000 a 2006, com Vicente Fox, e de 2006 a 2011, com Felipe Calderón). Com a vitória nas eleições de 2012, o PRI voltou ao poder por meio da figura de Peña Nieto.
Nas eleições de 2006, em que concorreu pela coalizão Aliança Para o Bem de Todos (integrada pelos partidos PRD, PT e Convergência), AMLO perdeu para Felipe Calderón por uma diferença de apenas 0,58% dos votos em um pleito recheado de acusações de fraude. Semanas antes das eleições, jornalistas revelaram que o INE submeteu a gestão das bases de dados eleitorais a uma empresa que pertencia ao cunhado de Calderón por meio de contratos assinados entre 2002 e 2005 e que chegaram a um valor próximo aos US$ 150 milhões.
Durante uma entrevista, um dos representantes do PRD afirmou que, no 11º distrito, localizado no estado de Nuevo León, um dos locais de votação apresentou 961 votos. “Tudo parece normal, exceto que a lei prevê que não pode haver mais de 760 cédulas por local de votação”, afirmou. Cerca de 1,5 milhão de cédulas a mais foram registradas ao final do processo eleitoral. Ainda assim o INE decidiu considerar o pleito como sendo válido, afirmando que, caso fosse verdade “que algumas urnas foram abertas, isso não indica necessariamente uma manipulação imprópria”. O documentário Fraude, de 2006, produzido por Luiz Mandoki, narra alguns desses acontecimentos.
Já durante as eleições de 2012, as tentativas de frear uma possível vitória de AMLO ficaram a cargo da imprensa, que dirigiu sua cobertura ou para associá-lo a imagem de um líder antidemocrático, ou para enaltecer Peña Nieto. Agora, em 2018, AMLO concorre pelo Morena – partido que passou a integrar em 2012 – com um discurso centrado principalmente no combate à corrupção e ao que chama de “máfia do poder”.
Caso a vitória seja confirmada, AMLO terá o desafio de encarar as políticas cada vez mais hostis do presidente norte-americano, Donald Trump, com relação ao país vizinho, além do crime organizado e o narcotráfico, problemas cada vez mais presentes no país.
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