Quinta-feira, 17 de julho de 2025
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O embaixador da Bolívia em Haia, o ex-presidente Eduardo Rodríguez Veltzé, entregou nesta terça-feira (21/03) a réplica do país à CIJ (Corte Internacional de Justiça) sobre a reivindicação do país de negociar com o Chile uma saída para o mar. A entrega ocorre em meio à escalada de tensão entre os dois países devido à prisão há dois dias de nove cidadãos bolivianos, dois militares e sete civis, na fronteira entre o Chile e a Bolívia.

“A Bolívia defende que tem um direito, não uma aspiração. A Bolívia tem o direito de acessar soberanamente ao Pacífico por meio do diálogo e consulta com o Chile”, afirmou Fernando Huanacuni, ministro das Relações Exteriores boliviano que também acompanhou a entrega em Haia.  “Unidos, mas dignos, apresentamos a réplica perante Haia. A verdade, a justiça e a razão sempre ganham na história”, afirmou Evo Morales, presidente da Bolívia, no Twitter.

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Entenda o caso

Iniciado a pedido da Bolívia em 2013, o processo em Haia pretende declarar inválido o tratado de 1904 que concretizou a conquista, pelo Chile, da província de Antofagasta — originalmente território boliviano —, após a Guerra do Pacífico.

Em 2014, Santiago havia questionado a pretensão de La Paz, afirmando que o caso não poderia ser julgado em Haia, mas em setembro de 2015 a CIJ decidiu que é um tribunal competente para julgar a demanda da Bolívia exigindo uma negociação para uma saída ao mar soberana para o país do altiplano.

A equipe jurídica boliviana solicitou que o Chile respeite a obrigação de negociar de boa fé acesso soberano ao mar e que não desloque a disputa com o argumento de que a Bolívia quer modificar o tratado de 1904. Para o país governado pelo presidente Evo Morales, a Bolívia deixou claro que é impossível colocar em questão o tratado de 1904. “Não há sinal algum na demanda para modificar o tratado”, afirmou Morales.

Agência Efe

Bolivianos acompanham em La Paz a entrega da réplica no CJI e pedem “Mar para Bolívia” 

La Paz reivindica na Corte Internacional de Justiça saída para o mar; nove bolivianos foram presos pelo Chile acusados de roubar caminhão, mas Bolívia afirma que veículos transportavam mercadoria ilegal e que ação ocorreu em território boliviano

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O Chile, no entanto, afirmou, em seu direito à réplica, que estão confiantes nos argumentos por eles utilizados. “Nossos argumentos foram claros, foram contundentes e não foram evasivos. Nossos argumentos foram respeitosos ao direito internacional”, ressaltou o ministro de Relações Exteriores do Chile, Heraldo Muñoz.

Com a entrega da réplica por parte da Bolívia, o Chile tem até o dia 21 de setembro para responder.

Chile prende bolivianos na fronteira

Em carta entregue ao cônsul do Chile, Manuel Hinojosa, o governo boliviano expressou nesta segunda-feira (20/03) “sua mais enérgica reivindicação” pela “detenção arbitrária com agravantes físicos” de sete funcionários alfandegários e dois militares bolivianos neste domingo (19/03), exigindo “a libertação imediata dos nove cidadãos bolivianos que foram sequestrados e se encontram em território chileno”. Um tribunal de Pozo Almonte, no Chile, declarou legal e estendeu a prisão dos militares e agentes alfandegários até a próxima quarta-feira (22/03).

Agência Efe

Tribunal chileno considerou legal a prisão de sete funcionários alfandegários e dois militares bolivianos na fronteira entre os dois países neste domingo

Segundo a Bolívia, foram detectados três caminhões com mercadoria ilegal e os agentes bolivianos conseguiram reter um deles, com placa chilena, enquanto os outros dois escaparam e retornaram a território chileno. De acordo com o governo boliviano, os funcionários alfandegários e os militares jamais estiveram fora do território nacional e tentaram realizar a operação cerca de 350 ou 400 metros da fronteira, próximo de um posto militar boliviano avançado, antes de serem detidos pelas forças do país vizinho.

O presidente Evo Morales comentou o caso nas redes sociais, afirmando que o Chile, “com sua vocação de agressão contra a Bolívia, demonstra nervosismo perante a contundência da réplica em Haia”. “Nossos irmãos bolivianos sequestrados por policiais chilenos são reféns de uma injustiça, exigimos sua imediata liberação”, escreveu Morales.

Por sua vez, a presidente do Chile, Michelle Bachelet, alegou que os bolivianos detidos “queriam roubar nove caminhões e roubaram um”.

O Ministério das Relações Externas também convocou a cônsul boliviana em Santiago, Magdalena Cajías, para entregar uma nota em que rejeita as acusações e afirma que a prisão ocorreu em território chileno. “Muito pelo contrário, a incursão e a prisão dos agentes bolivianos ocorreram, sem dúvida alguma, em território chileno. Portanto, a nota expressa nosso protesto por essa violação de soberania”, afirmou o chanceler chileno.