Escapar dos relatos sobre a violência na Argentina é quase impossível: já em clima eleitoral, e apontando o tema da insegurança como um dos principais da campanha, os jornais e os canais de televisão dedicam um espaço considerável à cobertura dos crimes que sofrem os cidadãos argentinos, especialmente na cidade e na província de Buenos Aires.
Segundo o jornal argentino progressista Pagina/12, a sensação de insegurança deve ser comparada com a percepção da temperatura. Tradicionalmente, os jornais publicam duas temperaturas: a real, medida cientificamente e a “sensação térmica”. Um dia de inverno ventoso em Buenos Aires, pode trazer 8 graus oficialmente, com uma sensação térmica de menos 2.
Na sua edição deste domingo (19/09), o diário revelou que Argentina tem a quarta taxa de homicídio doloso (com intenção de matar) dos continentes americanos. Os números, que datam de 2008 – última fonte de comparação – apontam o Chile como o país mais seguro, com uma taxa de 1,6 homicídios por 100 mil habitantes, seguido pelo Canadá (1,83) e pelos Estados Unidos (5,4).
Na Argentina, a proporção é de 5,8 por 100 mil. Concretamente, isso significa que 2.305 homicídios dolosos aconteceram no país em 2008, o que significa a redução de 37% já que em 2002 o número chegava a 3.453.
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Apesar dos dados da pesquisa, jornais locais revelam violência em manchetes e notícias
Segundo a pesquisa, realizada pela Direção de Política criminal, uma instituição que depende do ministério argentino de justiça e direitos humanos, os países mais perigosos da região são Honduras (57,9), Venezuela (52) e Guatemala (49). O jornal afirma ainda que a tendência não mudou em 2009 e 2010.
Sensação de insegurança
Analisando os números por municípios, Buenos Aires aparece como a segunda cidade mais segura das Américas, com uma taxa de 4,6 homicídios dolosos por 100 mil habitantes, atrás de Toronto, no Canadá, com 2,79. No continente, o pior resultado foi registrado em Cali, na Colômbia, onde acontecem 66 assassinatos por 100 mil habitantes, seguida pelo Rio de Janeiro (39,7) e Tijuana (38,8).
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O informe também destaca o fato que, contrariamente à idéia que a maioria das mortes foi provocada por um delito, como uma tentativa de roubo, 64% dos assassinatos registrados em Buenos Aires aconteceram entre parentes, amigos ou vizinhos. Um dado, porém, é preocupante: 54% dos crimes foram cometidos com uma arma de fogo, o que mostra que o plano de desarmamento com entrega voluntária de armas lançado pelo governo entre julho 2007 e dezembro 2009 não teve o resultado esperado.
No entanto, a “sensação de insegurança” dos argentinos, é a mais importante da América Latina. Segundo um estudo feito pelo instituto Lapop (Latin American Public Opinion Project), a Argentina encabeça esta sensação de medo, com 27,47% das pessoas afirmando se sentir “inseguras”. Seguem Chile, com 22,23% e Uruguai com 22,4%. Paradoxalmente, os três países são os que têm as taxas de homicídio mais baixas do subcontinente.
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