O governo da Venezuela negou em nota oficial, divulgada nesta sexta-feira (19/06) que tenha dificultado a visita da comitiva de senadores brasileiros ao país. No comunicado, o Ministério das Relações Exteriores venezuelano atribuiu as horas de bloqueio da estrada que liga o aeroporto de Maiquetía a Caracas a um “caminhão tombado carregado com substâncias inflamáveis”.
Caracas também negou que “a segurança e a integridade física” dos senadores tenha sido comprometida e garantiu que existe “material audiovisual e fotográfico” como prova. A chancelaria afirma que “um dispositivo e uma célula especial de segurança formada por mais de 30 efetivos que acompanharam durante todo o tempo” a comitiva de políticos brasileiros, em coordenação com a embaixada do Brasil.
O Ministério acusou os senadores de fazerem a viagem para “desestabilizar a democracia venezuelana e gerar confusão e conflito entre países irmãos”, mas disse que seus “laços de amizade e cooperação” com o Brasil estão “acima de qualquer manobra divisionista”.
Agência Efe
Senadores brasileiros de oposição não conseguiram cumprir agenda planejada em Caracas e voltaram a Brasília
Os parlamentares brasileiros denunciaram que, durante o trajeto na quinta-feira entre o aeroporto de Maiquetía e Caracas, várias pessoas bateram nos vidros do micro-ônibus em que estavam quando tentavam visitar López e que seria utilizado para chegar ao centro penitenciário no qual também está detido o ex-prefeito de San Cristóbal, Daniel Ceballos. Além disso, a comitiva tinha a intenção de chegar à casa do prefeito metropolitano de Caracas, Antonio Ledezma, que também está detido.
Diante da impossibilidade de chegar à capital pelo bloqueio da estrada, a delegação brasileira, liderada pelo senador tucano Aécio Neves (MG), decidiu retornar ao Brasil, já que, segundo ele, não recebeu “garantias mínimas de segurança” por parte do governo venezuelano.
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Em reação, a Câmara dos Deputados aprovou, ainda na quinta, uma moção de censura contra o governo da Venezuela. Por sua vez, o Itamaraty convocou na sexta-feira a embaixadora do país em Brasília e pediu “esclarecimentos” à ministra das Relações Exteriores venezuelana, Delcy Rodríguez.
Oposição
Membros do partido do opositor Leopoldo López, que está detido, pediram que a presidente Dilma Rousseff se pronuncie sobre a “agressão” que os parlamentares garantem ter sofrido.
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Integrantes do partido Vontade Popular (VP), que é liderado por López, se “solidarizaram” nesta sexta com o grupo de senadores brasileiros e foram até a sede da embaixada do Brasil em Caracas para solicitar que a presidente Dilma desse uma resposta para as agressões e maus-tratos que, segundo eles, os parlamentares sofreram em sua breve passagem pela Venezuela.
“Presidente Dilma Rousseff, é o momento de tomar uma posição, é o momento de falar com clareza sobre o que acontece na região, já que uma comitiva de senadores oficiais foi maltratada, foi agredida. Não se pode ignorar o que está acontecendo”, disse aos jornalistas o deputado do VP Juan Guaidó, em frente à sede diplomática brasileira.
“O Brasil tem muito a dizer a respeito, o Brasil tem muito a fazer a respeito”, afirmou o parlamentar, que está em greve de fome há dias, junto com vários companheiros de seu partido, em solidariedade a Leopoldo López.
Agência Efe
Membros do Vontade Popular foram à embaixada do Brasil em Caracas para protestar
López completou nesta sexta-feira 26 dias de greve de fome. O político de oposição pretende manter seu protesto até que o governo venezuelano cumpra uma série de exigências, entre elas determinar a data para as próximas eleições parlamentares.
“Chantagem”
A segunda vice-presidente da Assembleia Nacional venezuelana, Tania Díaz, assegurou, por sua vez, que o objetivo dos políticos brasileiros em solo venezuelano era “chantagear a justiça” e “torpedear” as relações bilaterais.
Díaz disse que os deputados governistas respeitam o governo do Brasil e a condição de seus senadores, mas exigiu respeito ao Poder Judiciário venezuelano “que está agindo da maneira devida para punir quem tiver que ser punido pela morte de venezuelanos”, em alusão às mortes ocorridas durante a onda de protestos antigovernamentais no ano passado.
Por causa dessas manifestações, algumas delas violentas, tanto López como Ceballos estão presos e a oposição venezuelana considera que os mesmos são “presos políticos”.
(*) Com Efe