Oficiais franceses disseram hoje (4) que é possível que nunca se saiba os motivos da queda do avião da Air France, uma vez que a caixa preta ainda não foi – e talvez nunca seja – encontrada. O vôo, que ia do Rio de Janeiro a Paris, caiu no Oceano Atlântico domingo passado com 228 pessoas a bordo.
O diretor do Escritório Nacional de Investigação e Análise (BEA, na sigla em francês), Paul-Louis Arslanian, disse em entrevista coletiva não estar muito otimista quanto às chances de as caixas-pretas serem encontradas. Para o especialista, a profundidade do mar na região – de até 5 km – e o acidentado relevo marinho irão dificultar a localização dos dispositivos.
A área onde os destroços foram avistados é próxima às ilhas de São Pedro e São Paulo, formações rochosas desabitadas situadas a cerca de 704 quilômetros de Fernando de Noronha e a 1.296 quilômetros da cidade de Recife.
As caixas pretas poderiam ajudar a esclarecer se o avião quebrou enquanto voava ou após impacto no mar. Arslanian disse que não há informação suficiente para estabelecer qual das duas hipóteses é a verdadeira, ou mesmo qual o horário do acidente. O especialista disse que o avião não apresentava sinal de problemas no momento da decolagem – ele desapareceu dos radares apenas quatro horas depois.
O piloto, Marc Dubois, 58 anos, tinha 11 mil horas de experiência de vôo, e não enviou sinal de problemas. Mensagens automáticas enviadas pelo avião quarto horas após a decolagem mostravam queda de pressão do ar e falha elétrica, mas estas mensagens não explicam o motivo do desastre.
Arslanian também disse que o último contato dos pilotos com o controle aéreo brasileiro aconteceu cerca de meia hora antes do sumiço da aeronave. Foram três minutos de comunicação, durante os quais a tripulação informou que o Airbus entrava numa zona de turbulências.
Neste contato, não houve nenhum comentário específico sobre a natureza das turbulências ou sobre a existência de raios, estes últimos apontados pela Air France como possível causa do acidente.
Homenagens
Cerca de mil pessoas compareceram a uma missa em homenagem aos passageiros do vôo 447 da Air France na igreja da Candelária, no Rio de Janeiro, segundo as contas do cerimonial do governo do estado. Os parentes e amigos das vítimas que estavam hospedados no hotel Windsor vieram em três ônibus e ficaram dentro da igreja num espaço reservado.
O culto teve início com a execução do hino francês e, em seguida, do hino brasileiro. Em seguida, houve um toque de silêncio, de um minuto.
Missa na Candelária reuniu mil pessoas – Antonio Lacerda/EFE
O ministro de Assuntos Exteriores francês, Bernard Kouchner, que veio ao Brasil especialmente para a missa, lembrou da cerimônia realizada ontem (3) na catedral de Notre Dame, em Paris.
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