Agência Efe
Centenas de pessoas se reuniram em frente ao Palácio Presidencial para protestar contra o presidente egípcio
Pelo menos três mil egípcios estão protestando nesta sexta-feira (24/08) nas ruas do Cairo contra o governo de Mohamed Mursi, recém-eleito presidente em junho deste ano, com o lema “pelo fim do domínio da Irmandade Muçulmana”. A manifestação foi convocada por personalidades egípcias vinculadas ao regime de Hosni Mubarak e não teve adesão dos grupos que participaram da Primavera Árabe no país.
Na frente do Palácio Presidencial, os manifestantes gritavam contra Mursi acusando-o de ser um traidor cujo objetivo seria monopolizar o poder do Egito. Entre outras acusações, os organizadores da mobilização afirmam que Mursi quer impôr um regime islâmico no país árabe.
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Outras pessoas presentes protestavam pela liberdade de imprensa e contra a suposta censura realizada pelo presidente. A indignação de alguns setores da imprensa egípcia aumentou quando o redator-chefe do jornal Al Dostur, Islam Afifi, foi detido preventivamente pela acusação de insultar o presidente do país.
O jornalista foi solto nesta sexta-feira (24/08) depois de um dia de prisão, pois Mursi emitiu uma lei proibindo a detenção de jornalistas acusados de crimes relacionados com a mídia.
Agência Efe
Os manifestantes também protestaram na Praça Tahrir no Cairo, local simbólico da Primavera Árabe no Egito
O presidente egípcio também é acusado por críticos de ter confiscado todas as cópias da edição de sábado (11/08) do jornal Al Dusur, que pedia à população para que apoiasse uma junta militar no poder em substituição ao presidente e clamava o povo a ir às ruas no dia 24.
Segundo os críticos da manifestação, o protesto esta relacionado a um movimento de contrarrevolução no país com as antigas elites reagindo às medidas de destituição do poder das Forças Armadas. Os principais organizadores do ato, Tawfiq Okasha, apresentador de televisão, e Mohamed Abu Hamed, político egípcio, eram contra as manifestações da Primavera Árabe no país.
“Qualquer pessoa que aderir ao protesto do dia 24 de agosto estará se opondo à revolução do dia 25 de janeiro”, disse o sheik Hashem Islam segundo o jornal estatal Al Ahram. “Eles são partidários da contrarrevolução que querem o restabelecimento do antigo regime militar e não devem, portanto, ser atendidos”, afirmou o comunicado da União Revolucionária da Juventude citado pelo Al Ahram.
Para alguns analistas, as recentes decisões do presidente foram motivadas por esta cena política cada vez mais resistente à sua administração. Até o dia 12 de agosto, Mursi não havia confrontado com tanta dureza as Forças Armadas egípcias e surpreendeu a muitos com suas ações.
O presidente anunciou a anulação de uma “declaração constitucional” do governo de transição, composto pelo CSFA (Conselho Supremo das Forças Armadas), que concedia amplos poderes ao Exército e limitava o Poder Executivo e Legislativo do país. Além disso, Mursi afastou o marechal Hussein Tantawi, ministro da Defesa há 20 anos e chefe dos CSFA, e o chefe das Forças Armadas, Sami Annan.
De acordo com Juan Cole, professor de Relações Internacionais na Universidade de Michigan, Mursi tomou essas medidas para coibir movimentações que favorecessem um golpe de Estado, possibilidade apoiada por setores da sociedade civil e alguns grupos militares.