O Banco Popular da China (PBOC) aumentou hoje (19/10) em 0,25 pontos as taxas básicas de juros do país, que passam para 5,56%, na primeira alta ordenada desde 2007, antes da explosão da crise econômica. Em comunicado publicado em seu site, o banco central anunciou a alta, que entra em vigor nesta quarta, dia 20, junto com a da taxa de depósitos bancários, que também ascendeu em 0,25 pontos, para 2,50%.
Trata-se do primeiro aumento das taxas de juros feito pelo governo chinês diante das pressões da inflação doméstica, que em agosto chegou a 3,5% anualizada e em setembro poderia seguir subindo. A grande recuperação econômica (a China cresceu 10,3% no segundo trimestre e aguarda os dados do terceiro, que serão publicados nesta quinta-feira) está fazendo disparar os preços acima do previsto. Com isso, Pequim ultrapassou as previsões feitas no início do ano, que contemplavam um aumento de 8% do PIB (Produto Interno Bruto) e de 3% no índice de preços ao consumidor.
O novo ajuste acontece em plena batalha do governo chinês para evitar o aquecimento excessivo da economia, que está causando a criação de bolhas especulativas. Até o momento, Pequim tinha mostrado resistência a elevar as taxas de juros, embora tenha combatido a inflação com até cinco altas nas reservas bancárias neste ano.
Com isso, o preço dos imóveis continua subindo anualmente acima dos dois dígitos, e alguns economistas locais advertiram que já alcançou um nível crítico do ponto de vista social, já que seu preço é 20 vezes superior à renda anual das famílias.
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Interpretação
Profissionais de bancos internacionais em Pequim destacaram à Agência Efe que a medida anunciada hoje está destinada a drenar a economia e a frear o crédito e os empréstimos.
De fato, o Banco Popular da China ordenou aos bancos chineses restringir o crédito para 2010 a 7,5 trilhões de iuanes (US$ 1,1 trilhão de dólares), quase se igualando à quantidade recorde de 9,59 trilhões de iuanes (US$ 1,4 trilhões de dólares) do ano passado. A diretriz foi a mesma, como demonstram os créditos concedidos nos oito primeiros meses do ano, que somam 5,70 trilhões de iuanes, 30% a menos que no mesmo período de 2009.
Os economistas interpretaram esta alta de 25 pontos básicos como um aviso de que terá um impacto “limitado”, já que seriam necessários pelo menos outros dois aumentos do mesmo alcance para repercutir na quantidade de dinheiro em circulação na China e em um fortalecimento do iuane, a moeda chinesa.
Por sua vez, Yin Jianfeng, do Instituto de Finanças e Bancos da Academia Chinesa de Ciências Sociais, defendeu que a alta obedece a duas esferas: o âmbito nacional e o marco internacional. “Por um lado, o governo quer combater as especulações do setor imobiliário e da bolsa, então manda um sinal aos mercados internacionais lembrando que sua política monetária é aberta”, destacou Jianfeng, em entrevista por telefone à Efe.
Em meio às pressões ocidentais, a China anunciou em 19 de junho que flexibilizaria a cotação do iuane, mas Washington denuncia que a divisa permanece artificialmente baixa.
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