O governo colombiano classificou como inaceitáveis as declarações do presidente da Bolívia, Evo Morales, que afirmou que os Estados Unidos aprovam a luta antidrogas da Colômbia em troca do estabelecimento de bases militares na região. “O governo da Colômbia não aceita afirmações sem fundamento por parte da Bolívia ou de nenhum outro país”, afirmou a chancelaria em comunicado.
A nota se refere a um discurso de Morales em Cochabamba. Na ocasião, o governante boliviano afirmou que “estão minimizando a Colômbia como um país que tem problemas com o narcotráfico porque lá estão instaladas bases militares dos Estados Unidos”. No entender da chancelaria de Bogotá, a Bolívia “menosprezou a luta contra as drogas que o Estado colombiano travou de maneira soberana durante décadas com inegáveis resultados positivos e que contou com o apoio da comunidade internacional, em seu conjunto”.
No comunicado, o governo colombiano garantiu que se manterá firme em sua política antidrogas e afirmou que “a união de esforços é o caminho mais eficaz para superar este flagelo mundial”. “Convidamos todos os países a intensificar suas ações internas e a colaborar com a comunidade internacional na luta contra as drogas.”
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Em seu discurso em Cochabamba, Morales rejeitou mais uma vez o recente relatório norte-americano sobre o problema do narcotráfico, uma avaliação que mostra que a Colômbia caiu para o terceiro lugar entre os países produtores de cocaína. O estudo afirma que o Peru é agora o primeiro produtor mundial de cocaína, com 324 toneladas ao ano, seguido de Bolívia, com 265 toneladas, e Colômbia, com 195 toneladas.
A polêmica
O presidente da Bolívia, Evo Morales, alegou neste domingo (02/09) que militares norte-americanos comandam as Forças Armadas da Colômbia e que os Estados Unidos têm uma base militar radicada no país.
Em seu programa de rádio, o presidente criticou o fato de os Estados Unidos sugerirem que Bolívia e Peru desbancaram a Colômbia do primeiro lugar de produção de cocaína. “Claro, estão minimizando a Colômbia como um país que tem problema de narcotráfico porque ali fica a base militar dos Estados Unidos, ali os norte-americanos estão comandando as Forças Armadas da Colômbia”, declarou Morales a sindicatos de “cocaleros” em Lauca Ñ, a 650 km de La Paz.
É por esta razão que Washington “quer elogiar o país onde aceitam que haja bases militares dos Estados Unidos”, afirmou. “O tema do narcotráfico por uma parte é bem aproveitado pelo capitalismo com fins econômicos e, por outra parte, aproveitado politicamente para desgastar dirigentes ou autoridades anti-imperialistas e anticapitalistas.”
Em 2008, Morales expulsou agentes da DEA (Força Administrativa de Narcóticos, na sigla em inglês) pouco após ter procedido da mesma forma com o embaixador dos EUA, a quem acusou de se intrometer em assuntos internos. Segundo as Nações Unidas, a Bolívia tem 31 mil hectares de coca plantadas, das quais a lei nacional só reconhece 12 mil para usos tradicionais, como mascagem, infusão e rituais religiosos andinos.
(*) com agências internacionais