Mais dois casos de violência policial foram registrados na Colômbia nesta segunda-feira (21/06) em um novo dia de manifestações contra o governo de Iván Duque.
A população da cidade de Usme, que fica na região da capital Bogotá, protestava quando, de acordo com organizações de direitos humanos e a imprensa local, o Esquadrão Móvel Antidistúrbios (Esmad) utilizou “força excessiva” contra quem estava nas ruas.
A manifestação na cidade durou cerca de quatro horas até os agentes de segurança chegarem para acabar com os bloqueios e reprimir a população civil.
De acordo com o jornal colombiano El Espectador, durante os confrontos, pelo menos 20 civis e 27 militares da Polícia Metropolitana ficaram feridos. O jovem Jaime Alonso Fandiño foi morto pelo impacto de uma granada de gás lacrimogêneo do Esmad em seu peito.
Ainda segundo o periódico, um protesto que começou pacífico em Cartagena foi cenário de violência à noite. Um jovem foi ferido com uma arma de fogo em consequência dos confrontos entre as forças de segurança e os manifestantes. Ele foi transferido para o Hospital Universitário del Caribe.
O Comitê Nacional de Paralisação (CNP) da Colômbia, composto por 11 organizações políticas, sociais e sindicatos, fez um chamado na última terça-feira (15/06) suspendendo de forma temporária a convocação para novas manifestações populares no país após quase 50 dias do início da greve em abril.
Nem todos os setores que estão nas ruas, no entanto, concordaram com a decisão do Comitê. Um grupo denominado Primera Linea continuam indo às ruas. Para a rádio RCN, Camilo Sarate, integrante do movimento paralelo, afirmou que o comitê não os representa.
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Manifestantes se defendem de bombas lançadas pela força de segurança colombiana
A paralisação do dia 28 de abril, que deu início à greve geral, foi convocada pelo CNP, mas é consenso que as mobilizações transcenderam essa instância.
O evento, que já é considerado a maior paralisação da história da Colômbia, é marcado pelo protagonismo de uma juventude que não se vê representada pelos partidos, sindicatos e outras estruturas organizativas existentes no país.
Além do desejo de mudança, das exigências de garantias do direito à saúde, educação e paz, os jovens expressam sua revolta pelas vítimas provocadas pela brutalidade policial, uma das facetas da violência estrutural do país.
Desaprovação do governo Duque
O documento intitulado Pulso País Colômbia, publicado nesta terça, fruto de uma parceria entre Datexco e a rádio W Rádio, constatou que que 79% dos cidadãos desaprovam o presidente Duque, 11 pontos percentuais a mais que a última medição em janeiro de 2021.
Além disso, 84% das pessoas acreditam que as coisas estão indo mal, o maior número registrado pela Datexco desde setembro de 2012, em comparação com 12% que acreditam que a Colômbia está indo bem.
A aceitação das Forças Armadas continua diminuindo, passando de 31% em janeiro de 2021 para 24% atualmente. 71% dos colombianos desaprovam a Força Pública. Especificamente, a polícia teve uma desaprovação de 64% em comparação com uma imagem favorável de 31% no começo do ano.