O Departamento de Estado dos EUA, por meio do porta-voz Ned Price, afirmou na noite desta terça-feira (22/06) que o país considera que as eleições no Peru, vencidas pelo candidato de esquerda Pedro Castillo, foram “livres, justas, acessíveis e pacíficas” e um “modelo de democracia”. No entanto, afirmaram que esperam as autoridades eleitorais declararem o vencedor do pleito.
“Congratulamos as autoridades peruanas por administrar com segurança outra rodada de eleições livres, justas, acessíveis e pacíficas, mesmo em meio aos desafios significativos da pandemia de covid-19. Essas eleições recentes são um modelo de democracia na região”, afirmou o órgão responsável pela diplomacia norte-americana.
“Apoiamos permitir às autoridades eleitorais tempo para processar e publicar os resultados de acordo com a lei peruana”, prossegue o comunicado, que completa: “os Estados Unidos esperam continuar sua importante parceria com o candidato devidamente eleito pelo povo do Peru, confirmado pelas autoridades eleitorais peruanas.”
O comunicado vem mais de uma semana após Castillo ter obtido a maioria dos votos com 100% das atas eleitorais apuradas. Desde que se viu atrás na apuração, na madrugada da segunda-feira posterior à eleição, a adversária – a ultradireitista Keiko Fujimori – começou a alegar, sem provas, que teria havido fraude.
Por conta disso, a vitória de Castillo ainda não foi proclamada porque o Júri Eleitoral Nacional (JNE) não concluiu a resolução dos recursos interpostos, em sua maioria, pelo Força Popular, partido de Keiko.
Todos os pedidos de anulação de boletins de urna impetrados pela coligação de Keiko dentro do prazo legal foram negados pela autoridade eleitoral do país. A defesa da filha do ex-ditador Alberto Fujimori, então, recorreu da decisão. Os recursos ainda estão na fila para julgamento. A posse do novo presidente está prevista para o dia 28 de julho.
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Castillo, do Peru Livre, venceu as eleições com 50,12% do total, uma vantagem de 41 mil votos em relação a Keiko, que obteve 49,87%.
Chefes dos 3 poderes pedem respeito a resultados da eleição
Na semana passada, o Conselho de Estado do Peru, organização composta pelos chefes dos três poderes do Estado e órgãos constitucionais autônomos, emitiu uma declaração rechaçando uma possível “ruptura constitucional” no país e pedindo que os resultados que dão vitória a Castillo sejam respeitados.
Em nota, o grupo afirmou que rejeita “qualquer tipo de campanha” que exerça “pressão e difamação contra as autoridades eleitorais”, pois, segundo os políticos, é “estranho a uma democracia promover rupturas constitucionais para conquistar o poder”.
“Mantemos a tranquilidade e respeitamos os resultados. […] As organizações políticas, conforme se comprometeram, e aos cidadãos em geral, devem esperar e respeitar os resultados finais da eleição”, diz o comunicado.
O documento dos líderes declara ainda que os discursos que “fomentam o ódio entre os peruanos” não contribuem para a “paz social nem para a consolidação dos valores democráticos” do país, afirmando que críticas aos órgãos eleitorais, quando baseadas em “informações verdadeiras e respeitosas”, “contribuem para a formação de uma opinião pública livre e tolerante”.
No último sábado (19/06), milhares de eleitores e apoiadores de Castillo foram às ruas de Lima para pedir respeito à democracia e a declaração oficial do professor da educação básica como novo presidente do Peru.
Organizações sociais de direitos humanos, sindicatos e partidos aliados convocaram uma passeata na capital e em outras cidades peruanas com o lema “Pela defesa da democracia e da Pátria, não pelo golpe de Estado” para apoiar o vencedor das eleições.