O comediante somali Abdi Jeylani Malaq Marshale, conhecido em seu país por seu estilo provocativo contra movimentos islâmicos, foi morto com dois tiros por dois homens não identificados na tarde da última terça-feira (31/07), pouco depois de ter deixado seu trabalho, em uma estação de rádio em Mogadíscio.
A vítima recebeu um tiro na cabeça e outro no peito, vindo a morrer no hospital algumas horas depois. Os dois suspeitos fugiram após terem baleado o humorista. Marshale apresentava um programa na rádio Kulmiye e para a rede de TV somali Universal (sediada em Londres).
Embora os motivos de sua morte permaneçam desconhecidos, o humorista, especialista em paródias, produziu uma série de programas onde fazia piada com os movimentos islâmicos radicais e as milícias armadas.
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A principal suspeita, segundo o jornal Le Monde e a Agência France Presse, cai sobre o grupo islâmico radical Al Shabab, que já havia ameaçado o humorista de morte. No ano passado, em razão das ameaças, Marshale foi obrigado a esconder-se por vários dias na Somalilândia, região ao noroeste do país africano que se declarou independente em 1991, mas não é reconhecida pela comunidade internacional.
A Somália é assolada há mais de vinte anos por uma guerra civil envolvendo o governo central e grupo armados islâmicos, em especial o Al Shabab. Atualmente, o controle do país é dividido entre o governo, movimentos islâmicos e grupos tribais que também declararam alguns territórios sob seu controle independentes, embora estes não possuam o mesmo nível de autonomia da Somalilândia.
“Trata-se de um dia negro para a indústria do entretenimento no mundo inteiro. Ele era uma figura notável da comédia na Somália e o mundo todo gostava de suas performances”, afirmou Yusuf Keynan, apresentador da rádio Kulmiye.
Marshale torna-se o oitavo profissional de mídia morto no país africano só este ano, de acordo com números fornecidos pela ONG Anistia Internacional. Segundo a organização, nenhum desses casos conseguiu levar algum suspeito a julgamento.