Mais de um milhão de cubanos lotaram a Praça da Revolução, em Havana, para um concerto de música idealizado pelo cantor colombiano Juanes e outros 14 artistas latino-americanos.
Desde que foi anunciado, o show dividiu a comunidade de mais de 1 milhão de cubanos exilados em Miami. Muitos não concordaram com a iniciativa do cantor.
Na hora do show, a organização anticastrista Vigilia Mambisa reuniu dezenas de exilados em Pequena Havana, em Miami, e usou um rolo compressor para destruir discos e fotos do colombiano, que também vive na cidade.
Juanes, apesar dos movimentos contrários, conseguiu o apoio de cerca de 30 presos políticos cubanos e até do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. “Não acredito que esse tipo de evento prejudique as relações Estados Unidos-Cuba”, disse Obama. “Mas também não saberia dizer até que ponto pode ajudar.” Antes, ele já havia se reunido com a secretária de Estado, Hillary Clinton.
Como já tinham anunciado, os artistas que passaram pelo palco evitaram alusões políticas e muito menos críticas ao governo da ilha – como lhes tinham pedido setores do exílio cubano -, e centraram suas mensagens em promover uma cultura de paz.
Juanes, de boné amarelo, canta com outros artistas – Fotos:EFE
“Não posso acreditar no que meus olhos estão vendo, é o sonho mais bonito de paz e amor que pude experimentar depois dos meus filhos”, disse Juanes ao entrar no palco.
“Juanes nos devolveu a dignidade. Nos proporcionou um concerto internacional e isso me deixou muito feliz”, disse à EFE Rosário, professora cubana que assistiu ao show com seus três filhos adolescentes.
Para Damian Estévez, 51 anos, nunca houve um espetáculo tão grande em Cuba como o “Paz Sem Fronteiras”. ''A Praça parecia um animal vivo”, afirmou.
O colombiano Juanes canta em Havana:
O colombiano repetiu até não poder mais a palavra “paz”, e no final do espetáculo quis deixar claro que trazia também uma mensagem de reconciliação entre cubanos de dentro e fora da ilha, ao cantar “Arriba La Habana, arriba Cuba, arriba Estados Unidos, Miami, Nueva York y Washington”.
Era possível ver várias bandeiras cubanas e de outros países latino-americanos, como México, Venezuela, Puerto Rico e Chile.
Alguns cubanos também levaram ao concerto bandeiras com um arco-íris, símbolo dos homossexuais, e outras com imagens pedindo paz.
O concerto começou pontualmente às 14h local (15h de Brasília) e durou mais de cinco horas. Juanes bancou os shows com seu próprio dinheiro e com a ajuda de amigos. Ele investiu cerca de 300 mil dólares nos espetáculos, que estão sendo realizados de dia para evitar gastos com iluminação artificial.
Conhecido por defender causas sociais, o colombiano chamou a atenção ao organizar um concerto no ano passado na fronteira da Venezuela com a Colômbia, após o ataque colombiano a um acampamento das Farc, no Equador. Agora, promete fazer um show igual ao de ontem em Miami. “É um grão de areia a mais na tentativa de melhorar as relações entre EUA e Cuba por meio da arte.”
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