A condenação do ex-presidente peruano Alberto Fujimori a 25 anos de prisão é resultado do “trabalho exaustivo” da promotoria e de intensa colaboração de outros países, segundo o advogado Michael Reed, observador internacional do julgamento na Corte Suprema de Justiça de Lima.
”O caso é excepcional pela colaboração entre países, para conseguir a extradição desde o Chile, e porque [Fujimori] é processado pelo judiciário nacional, e não por um tribunal internacional”, afirmou Reed ao Opera Mundi.
Segundo ele, foram revisados 67 processos judiciais em 43 países contra chefes de Estado por delitos contra os direitos humanos e corrupção.
A advogada peruana Patricia Figueroa, especialista em direitos humanos, explicou que a apelação na próxima instância da Corte Suprema pode demorar quatro meses. “É muito provável que os fujimoristas apostem num indulto se a filha de Alberto Fujimori for eleita presidente em 2011. Tendo em conta os benefícios penitenciários que o acusado pode pedir, ele poderia ficar na cadeia [só] até 2015”.
Keiko Fujimori é pré-candidata nas eleições de 2011. Após a condenação do pai, ela falou pouco, diferentemente de ocasiões anteriores. “O fujimorismo não vai ficar de braços cruzados. Vamos sair às ruas a manifestar pacificamente nosso aberto apoio ao melhor presidente o país já teve”.
Semana passada, Alberto Fujimori adiantou que Keiko e o filho mais novo, Kenji, são seus herdeiros políticos. Keiko foi a parlamentar mais votada nas eleições de 2001 e é a candidata natural do fujimorismo para 2011.
Independência
A especialista francesa Julie Guillerot, consultora do ICTJ (Centro Internacional de Justiça de Transição) sobre reparações do Estado para vítimas de violência por conflitos internos, diz que a sentença mostra ao mundo que o Judiciário de uma nação, atuando com independência, “pode garantir justiça e acerto de contas, até no caso de um chefe de Estado”.
Assim que acabou a audiência, Michael Reed declarou à reportagem que “houve um ambiente de respeito pelas normas judiciais” e que não houve expressões de lamento nem de alegria por parte de nenhum dos manifestantes e envolvidos presentes. “Respeitaram o debate judicial”.
O advogado acompanha também, como observador, o julgamento de membros do Khmer Vermelho, no Camboja, e processos penais na Argentina, Sérvia, República Democrática do Congo e Colômbia. É diretor do ICTJ na Colômbia.
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