A conferência promovida pela União Europeia para promover a reconciliação entre os países dos chamados Bálcãs Ocidentais (ex-Iugoslávia mais a Albânia), neste sábado (20), entrou em clima de discórdia antes mesmo de começar. A ausência da Sérvia e a presença da Albânia e do Kosovo sob status de país independente criaram atritos e incerteza quanto à eficácia do encontro, evidenciando que a diplomacia na região ainda é frágil.
O evento, que será realizado no Castelo de Brdo, na Eslovênia, tem caráter “informal” e terá a presença de governantes da Croácia, Bósnia, Macedônia, Albânia, Kosovo e Montenegro, além dos anfitriões eslovenos. O presidente do Conselho Europeu, Herman van Rompuy, confirmou hoje (19) em Bruxelas que também irá, na condição de convidado.
A Sérvia, no entanto, anunciou hoje que não vai comparecer como forma de protesto, porque os organizadores estão tratando o Kosovo sob o status de “país”. O presidente sérvio, Boris Tadić, disse que não poderia dar aval a um evento que reconhecesse a proclamação unilateral da independência da província, feita em 2008.
O governo sérvio não tinha criado problemas com a presença do Kosovo no evento, desde que a província fosse apresentada no protocolo sob o nome de “Unmik-Kosovo” (nome da missão da ONU no território) ou “conforme a Resolução 1244 do Conselho de Segurança”, que prevê a soberania da Sérvia sobre a área.
“Infelizmente, os organizadores não puderam organizar a conferência de acordo com esses princípios e isso torna impossível a presença do presidente sérvio em Brdo”, disse nota do gabinete de Tadić segundo a agência de notícias espanhola Efe.
A região dos Bálcãs Ocidentais é a mais pobre da Europa, cujo desenvolvimento é dificultado pela fragmentação política e econômica causada pelas guerras da década de 1990 (como as da Bósnia e do Kosovo) e por situações de colapso interno, como ocorreu na Albânia entre 1996 e 1997. Atualmente seus seis (ou sete, se for incluído o Kosovo) países estão atualmente “cercados” por membros da UE – com exceção da Eslovênia, que entrou para o bloco em 2004. Os outros países desejam fazer o mesmo – a adesão à União Europeia é promessa de todos os governos na região -, mas para isso, precisam atingir os níveis de desenvolvimento econômico, social e de estabilidade política exigidos pelas regras do bloco.
Esforço diplomático
O primeiro-ministro esloveno, Borut Pahor, tentou evitar a ausência sérvia, viajando às pressas para Belgrado na quarta-feira, na tentativa de convencer Tadić a comparecer. O chanceler da Albânia, Ilir Meta, tentou o mesmo, há uma semana, em uma visita qualificada de “histórica” pela imprensa (os albaneses, maioria étnica no Kosovo, apoiaram a separação do território). Mas o esforço diplomático foi em vão e, embora tendo voltado de mãos vazias, o anfitrião disse que a conferência acontecerá de qualquer maneira, contando “com quem estiver presente”.
Igor Patch/Delo
Borut Pahor (E), primeiro-ministro da Eslovênia, no encontro com Boris Tadić (D), presidente da Sérvia
“Todo mundo que vier à conferência de amanhã vai contribuir para sua posição no diálogo. Quem não participar não será punido”, disse Pahor em Ljubljana, citado pelo jornal albanês Gazeta Sot.
Para Pahor, “o diálogo é o único caminho para a paz, segurança, estabilidade e bem-estar social para as pessoas desta parte da Europa”.
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