A maioria dos congressistas brasileiros do Parlasul (Parlamento do Mercosul) que compareceram ao evento comemorativo de 25 anos do Mercosul nesta segunda-feira (25/04) em Montevidéu, capital do Uruguai, se retirou da cerimônia.
Dois motivos foram citados para a saída de 11 dos 14 parlamentares: a declaração, na semana passada, do presidente do Parlasul, Jorge Taiana, de que o processo de impedimento de Dilma Rousseff “é um golpe parlamentar e utilização forçada da lei de impeachment”; e o fato de a organização ter reservado à delegação brasileira a fileira O, na parte de fundo do salão, o que teria incomodado parte dos parlamentares.
Reprodução/Twitter Parlamento MERCOSUR
Cerimônia comemorativa ocorreu nesta segunda-feira (25/04) em Montevidéu, no Uruguai
“Não tem cabimento tal declaração no âmbito do Mercosul, ainda mais publicando no site oficial da instituição. Nós todos nos reunimos e decidimos sair do recinto, com o apoio do chefe da nossa delegação, que é o senador Roberto Requião [PMDB-PR]”, disse o deputado federal Benito Gama (PTB-BA) ao Blog do Fernando Rodrigues.
Segundo Requião afirmou ao mesmo blog, a fala de Taiana “era um assunto para ser debatido por todos”. O senador, no entanto, disse que ele se retirou da sala por conta do posicionamento dos congressistas brasileiros.
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“O presidente do Uruguai [Tabaré Vázquez] em solidariedade se sentou na fila O, mas mesmo assim eles se retiraram”, disse o deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ) em seu perfil oficial no Twitter. Wyllys, Benedita da Silva (PT-RJ) e Ságuas Moraes (PT-MT) foram os únicos parlamentares brasileiros que permaneceram na cerimônia.
O presidente do Uruguai em solidariedade sentou na fila O, mas mesmo assim eles retiraram.
— Jean Wyllys (@jeanwyllys_real) 25 de abril de 2016
“Nossa presença aqui é fundamental em um momento político delicado, em que o país pode sofrer sanções por ruptura da ordem democrática. Sim, essa possibilidade está no horizonte”, disse Wyllys também no Twitter. Segundo ele relatou, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, não mencionou em seu discurso a situação política do país, nem o processo de impeachment da presidente do Brasil.
Atualmente o Brasil ocupa 36 assentos do Parlasul e os parlamentares são escolhidos por via indireta, sob indicação das bancadas partidárias do Congresso. A Argentina é o único país do bloco — composto também por Paraguai, Uruguai e Venezuela — que realiza eleições diretas para o posto.