Reprodução/ONU
Secretário Geral de Operações de Paz da ONU, Edmund Mulet, em entrevista coletiva depois de encontro com Conselho de Segurança
O Conselho de Segurança das Nações Unidas decidiu nesta quinta-feira (16/08) não renovar a missão dos observadores do organismo internacional na Síria por conta da intensificação do conflito. A decisão vem um dia depois de um bombardeio na capital síria, Damasco, que atingiu as proximidades do hotel onde os funcionários da ONU ficam hospedados.
“A missão chegará a um fim na meia-noite de domingo” quando acaba o prazo de extensão de seu mandato, informou o Secretário Geral de Operações de Paz da ONU, Edmund Mulet, depois de reunião privada com o grupo. Segundo a resolução 2059, adotada pelo grupo em reunião no mês de julho, o mandato na UNMIS apenas poderia ser prorrogado se fosse confirmado o fim do uso de armamento pesado e a redução da violência no conflito sírio, o que não ocorreu, explicou o diplomata.
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Em carta, o Secretário Geral da ONU, Ban Ki Moon, afirmou que não existem condições para a ONU continuar sua assistência ao povo sírio no país. Estabelecida em abril deste ano, a missão possuía mandato de 90 dias que foi estendido por 30 dias pelo Conselho de Segurança e termina no próximo domingo (19/08).
Mulet disse que o conselho decidiu estabelecer um escritório do organismo na Síria para apoiar a solução do conflito e garantir o cumprimento dos direitos humanos, conforme sugerido por Ban. “Estamos trabalhando com colegas do Departamento de Assuntos Políticos para preparar o terreno em Damasco para o Escritório de Contato Nacional”, explicou ele.
Para Gerard Araud, representante francês no conselho, “houve um sentimento geral de que as condições para a continuidade do UNSMIS (Missão de Supervisão na Síria, em inglês) não foram cumpridas, mas também houve consenso sobre a necessidade de manter a presença da ONU na capital síria”.
O embaixador russo, Vitaly Churkin, anunciou que um Grupo de Ação para a Síria vai se encontrar nesta sexta-feira (17/08) a fim de discutir soluções para o conflito no país. Segundo o diplomata, o encontro contará com a participação dos membros do Conselho de Segurança, como também de representantes da Arábia Saudita e do Irã.
Histórico
Três diferentes resoluções do Conselho de Segurança endereçadas à situação síria foram vetadas pela Rússia e China em reuniões ao longo dos 17 meses de conflito. Os textos, formulados pelos Estados Unidos, França e Alemanha, incluíam o capítulo 7 da Carta da ONU, que abre precedente para uma possível intervenção militar no país.
Os países também discordaram no estabelecimento de um plano de resolução para o país. Principal aliado internacional de Bashar al Assad, o governo russo discorda em uma estratégia que estabeleça a saída do presidente sírio. Dessa forma, o plano elaborado pelo então Enviado Especial para a Síria da ONU, Kofi Annan, não saiu do papel.
O diplomata acabou renunciando do cargo no dia 2 de agosto pela falta de desenvolvimento nas negociações. Segundo Annan, sua desistência se deve ao fato de ser “impossível” para ele ou “para qualquer outra pessoa” dar os passos necessários que permitam um acordo político que ponha um fim ao conflito no país árabe. Em entrevista coletiva em Genebra, ele voltou a expressar sua frustração com a comunidade internacional ao denunciar sua falta de unidade para pôr fim a 17 meses de conflito armado.