Funcionários do lado paraguaio da hidrelétrica binacional de Itaipu entraram ontem (27) no segundo dia de greve parcial. A manifestação, que acontece entre 7h e 9h (6h e 8h no horário de Brasília) em frente à entrada principal da usina, tem como objetivo pressionar o diretor paraguaio da companhia, Carlos Mateo Balmelli, para que sejam discutidas as demissões de 298 funcionários, ocorridas em setembro de 2008, e a possibilidade de venda das 1.904 casas pertencentes à entidade por Balmelli, sem consulta aos funcionários.
Francisco Mercado Rotela, diretor da coordenação executiva da empresa e secretário geral do Sindicato de Trabalhadores da Empresa Itaipu Binacional (Steibi), contou ao Opera Mundi que Balmelli ainda não aceitou negociar com os funcionários. “Trabalho há 22 anos em Itaipu e posso afirmar que nunca tivemos um diretor que não procurasse entrar em acordo com os trabalhadores. Ele precisar ser mais humilde”.
Balmelli declarou, em entrevista ao jornal Ultima Hora, que a situação dos funcionários demitidos de Itaipu é inegociável. “A decisão já está tomada e aconteceu dentro da lei. Cumprimos com todos os requisitos legais, pagamos indenização, férias e tudo. Não há nada para conversar”.
Rotela assegurou que as demissões foram feitas sem consulta aos sindicatos ou plano de demissão voluntária, como prevê o Contrato Coletivo de Condições de Trabalho. “Precisa haver um consenso entre Itaipu e os sindicatos. Um dia eles chegaram para trabalhar e descobrimos que seriam demitidos. Foi injusto porque não houve negociação e porque muitos já estavam em fase de aposentadoria”.
Balmelli garantiu que pretende dialogar com os trabalhadores sobre a venda de propriedades da entidade. “Ainda vamos abordar o tema da venda das casas em reunião com a diretoria. Mas no momento, estamos discutindo problemas mais importantes do nosso país”, respondeu. Os funcionários dizem que Balmelli quer decidir um tema de interesse geral – a venda das casas – de forma unilateral, o que fere o contrato de Itaipu.
Empresa garante fornecimento de energia
A assessoria de imprensa da usina afirmou que, por enquanto, a produção de energia não deve ser afetada, já que os funcionários voltam sempre a trabalhar logo após a manifestação. No primeiro dia, 95% dos trabalhadores aderiram à paralisação, segundo o Steibi.
Os grevistas estão associados a quatro de sete sindicatos da Itaipu: o Sindicato de Trabalhadores da Empresa Itaipu Binacional (Steibi), o Sindicato de Trabalhadores da Construção Civil do Alto Paraná (Sticaap), o Sindicato dos Trabalhadores de Itaipu Binacional (Sitraibi) e o Sindicato de Condutores do Alto Paraná e Serviços (Siconap/S). Participam também da paralisação os trabalhadores das empresas terceirizadas vinculadas a Itaipu.
Segundo Rotela, se os trabalhadores e a empresa não entrarem em acordo até o dia 6 de março, há possibilidade de o sindicato convocar uma greve geral binacional.
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