A Coreia do Norte anunciou hoje (27) o fim do armistício que interrompeu o conflito entre as duas Coreias em 1953, e ameaçou realizar um ataque militar contra a Coreia do Sul. O país também testou outro míssil de curto alcance. As declarações ocorreram após o governo do sul aderir a um tratado americano contra o tráfico de armas de destruição em massa que permite a abordagem de navios suspeitos.
Pyongyang anunciou que considerará “uma violação intolerável contra sua soberania” se seus navios forem abordados, e responderá com um ataque militar. O governo de Kim Jong-Il também anunciou que não garante a segurança dos navios estrangeiros no Mar Ocidental (Mar Amarelo), onde em anos recentes os dois países mantiveram confrontos armados.
A tensão entre os regimes aumentou nesta segunda feira (25), quando a Coreia do Norte realizou um teste nuclear, com o lançamento de dois mísseis subterrâneos. A ação gerou advertências dos Estados Unidos, Japão, Coreia do Sul e da própria ONU (Organização das Nações Unidas). No entanto, uma segunda bateria de testes – com três mísseis – foi realizada desde então, com o lançamento de pelo menos cinco mísseis de curto alcance – o último deles disparado ontem à noite.
Plutônio
Segundo fontes diplomáticas citadas pela agência sul-coreana Yonhap, a usina nuclear norte-coreana de Yongbyon teria sido reativada em meados de abril com o objetivo de extrair plutônio. Ela estava inativa desde 2007, quando Estados Unidos, China, Japão, Rússia e as duas Coreias chegaram a um acordo no qual o regime de Pyongyang se comprometeu a desmantelar a planta em troca de ajuda econômica e incentivos políticos.
O regime comunista já havia anunciado, no último mês, que reabriria Yongbyon em resposta ao Conselho de Segurança da ONU, que condenou um lançamento de foguete de longo alcance em 5 de abril. No dia 25 de abril a Coreia do Norte anunciou que tinha começado a extrair plutônio do combustível nuclear que armazena nessa usina, a fim de impulsionar seu poder atômico perante as “forças hostis”.
Segundo fontes diplomáticas consultadas hoje pela Yonhap, foram detectados indícios de processamento de combustível nuclear em Yongbyon, com movimentos na região onde se armazenam as barras de plutônio e a aparição de vapores saindo da planta.
As duas Coreias estão tecnicamente em guerra pois, apesar do armistício de 1953, nunca assinaram um tratado de paz. Em outubro de 2007 ocorreram tentativas neste sentido, com uma cúpula em Pyongyang que terminou com uma declaração a favor da “paz permanente”, que agora parece cada vez mais distante.
”Se o armistício for dado por concluído, a península coreana, em termos legais, está no caminho de retornar ao estado de guerra e nossas forças revolucionárias tomarão decisões a favor das ações militares pertinentes”, disse um porta-voz militar norte-coreano a EFE.
A península coreana é uma das áreas mais militarizadas do mundo, com um milhão de soldados da Coreia do Norte, 655 mil da Coreia do Sul e outros 28,5 mil militares americanos assentados no território de seu aliado sul-coreano desde o final da Guerra da Coréia, que ocorreu entre 1950 e 1953.
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