Navios das duas Coreias trocaram tiros pela primeira vez em sete anos hoje (10), danificando embarcações dos dois lados e aumentando as tensões às vésperas de uma viagem do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, à Ásia.
Em nota, a Coreia do Norte considerou o episódio uma “grave provocação armada”. Já o país vizinho classificou-o como uma “invasão marítima” e ordenou que o exército sul-coreano reaja com firmeza, mas também com calma, “para que a situação não se agrave”.
A troca de tiros aconteceu às 11h27 (0h27 de Brasília), na linha fronteiriça do Mar Ocidental, área disputada por ambos os países e que já foi palco de vários confrontos com vítimas.
Versões
Segundo a versão de Seul, um navio-patrulha norte-coreano invadiu suas águas. Ao avistá-lo, um navio militar sul-coreano efetuou vários tiros de advertência, respondidos à altura pela embarcação da Coreia do Norte.
Pyongyang, por sua vez, disse que seu navio-patrulha voltava de uma missão de reconhecimento quando “um grupo de navios de guerra” sul-coreanos alcançou a embarcação e, em um ato de “grave provocação”, atirou, segundo a agência oficial de notícias KCNA. Ainda de acordo com a Coreia do Norte, que exigiu desculpas pela “provocação”, os navios sul-coreanos fugiram em seguida para “suas águas”.
Ao todo, 15 tiros atingiram o navio sul-coreano, mas ninguém ficou ferido. Já o barco da Coreia do Norte retornou para suas águas “envolto em chamas”, disse Seul.
Reações
Lee Ki-shik, diretor de Inteligência e Operações do Estado-Maior da Coreia do Sul, disse à imprensa que seu governo lamenta o incidente e que a distância entre ambos os navios era de cerca de três quilômetros quando teve início o confronto, de aproximadamente dois minutos de duração.
O oficial também “protestou” contra a “invasão” norte-coreana e assegurou que o Exército está “totalmente preparado” para responder “a outras provocações”.
De acordo com a agência Yonhap, neste ano a Coreia do Norte atravessou a linha fronteiriça 22 vezes. Mas esta foi a primeira vez em sete anos em que houve uma troca de tiros.
Em junho de 2002, navios de guerra norte-coreanos dispararam contra navios da Coreia do Sul, matando seis pessoas e ferindo cerca de 20. Três anos antes, em 1999, houve um novo enfrentamento na mesma região. O incidente acabou com o afundamento de um navio de Pyongyang e a morte de aproximadamente 80 pessoas.
Contexto
A polêmica Linha Limítrofe Norte, que divide o Mar Ocidental, foi unilateralmente estabelecida pelas tropas da ONU – lideradas pelos EUA – ao término da Guerra da Coreia (1950-1953). Pyongyang, no entanto, não reconhece a fronteira e afirma que a divisa real fica vários quilômetros mais ao sul.
Para alguns especialistas, o choque de hoje pode ser uma prova de força da Coreia do Norte aos Estados Unidos, cujo presidente, Barack Obama, visitará a Coreia do Sul no dia 18, dentro de uma viagem pela Ásia.
No entanto, um funcionário do Ministério da Defesa sul-coreano declarou que uma investigação foi aberta para determinar o ocorrido, já que não está descartado que o confronto tenha sido “acidental”.
O episódio aconteceu em meio às expectativas geradas por um possível diálogo bilateral entre Estados Unidos e o regime norte-coreano, que se mostrou disposto a reabrir as negociações sobre sua desnuclearização caso as conversas com Washington sejam positivas.
A previsão é que o enviado especial dos EUA para a Coreia do Norte, Stephen Bosworth, viaje a Pyongyang antes do fim de ano para dar início a esses contatos bilaterais.
Após o choque de hoje, o governo sul-coreano pediu a seus trabalhadores na Coreia do Norte que fiquem atentos a um eventual aumento da tensão.
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