Apesar do empenho da nova administração democrata, o desemprego continua a aumentar nos Estados Unidos, assim como os preços ao consumidor, informou hoje (14) o Departamento do Trabalho.
Contudo, a inflação continua sob controle, o que é o único aspecto positivo da situação econômica norte-americana, segundo um estudo feito por analistas e enviado aos jornalistas.
Só em abril, registaram-se 637 mil novos pedidos de subsídios de desemprego. No mês passado, o Departamento do Tesouro projetou que os pedidos nesse sentido não iriam mais além de 610.000 pessoas, principalmente por causa das demissões na indústria automotiva.
É a primeira vez em quatro semanas em que aumenta a quantidade de pedidos de seguro-desemprego nos Estados Unidos, o que contrasta com a rapidez com que o presidente Barack Obama quer implementar suas reformas econômicas.
Hoje, o porta-voz presidencial não quis comentar os números do Departamento do Trabalho, mas sublinhou que “nós nunca dissemos que esta crise se resolveria de um dia para o outro”.
“Ainda temos um longo caminho pela frente. Ter paciência é a única coisa que podemos fazer. Mas como o presidente já disse, vamos sair desta crise”, afirmou Robert Gibbs.
De qualquer modo, os 637.000 novos pedidos de seguro-desemprego no mês passado contrastam com a eliminação de 539.000 postos de trabalho no mesmo período, número mais baixo que a média de 700.000 registrada no primeiro trimestre do ano.
Isto levou os analistas das corretoras Goldman Sachs e JPMorgan Chase a deduzir que houve uma freada na queda livre da economia, porque a diferença entre os dois números indicam que se criaram novos postos de trabalho ou a maioria dos desempregados mudou de carreira.
“Prova que já ultrapassamos o pior”, escreveu Paul Dales, economista de Capital Economics, num comentário publicado em vários jornais.
Recessão
A recessão começou nos Estados Unidos em dezembro de 2007. Desde então perderam o emprego 5,7 milhões de pessoas. Mas no fim de março havia 6,5 milhões vivendo de seguro-desemprego.
Por outro lado, no mês passado os preços ao consumidor subiram 0,3%, enquanto os economistas esperavam apenas 0,1%. Um detalhe: pelo segundo trimestre consecutivo, foi o preço dos alimentos que subiu, enquanto os custos energéticos desceram.
Segundo Abiel Reinhart, da JPMorgan Chase, a subida dos preços deve-se ao aumento do desemprego, que chegou em abril aos 8,9% e os economistas esperam que seja de 10% no fim do ano.
“Se as demissões continuam assim, os consumidores vão deixar de gastar e a recessão prolonga-se”, acrescentou Reinhart.
Viagra gratuito
Por outro lado, num gesto de certo modo pitoresco que ocupou esta manhã os noticiários da televisão, a farmacêutica Pfizer anunciou que vai fornecer gratuitamente a todos os desempregados e pessoas sem plano de saúde 70 produtos médicos, incluindo Viagra e Lapitor. O primeiro melhora o desempenho sexual e o segundo combate o colesterol.
A oferta abrange todos os que ficaram desempregados ou perderam o seguro desde o início do ano e é válida por 12 meses.
“Todos temos um vizinho ou um familiar que perdeu seu emprego ou seguro. Esta situação afeta realmente as pessoas. O nosso objetivo é ajudar a sobreviver nesta crise”, disse o Dr. Jorge Puente, farmacêutico chefe da Pfizer, em entrevista à Associated Press.
Os 70 medicamentos incluem, entre outros, antibióticos, antidepressivos, contraceptivos, pastilhas para o coração e para deixar de fumar. Os medicamentos oferecidos são normalmente cobertos pelos seguros, incluindo o Lipitor. Mas não o Viagra, que para ser adquirido legalmente nos Estados Unidos requer receita médica. Cinco pastilhas custam cerca de 100 dólares.
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