O Peru precisará de mais 80 anos de crescimento a uma taxa de 5% ao ano para sair da pobreza, afirma o informe anual 2008-2009 ‘Pobreza, desigualdade e desenvolvimento no Peru’, apresentado pela ONG britânica Oxfam, organização dedicada a combater e erradicar a pobreza em mais de 100 países ao redor do mundo.
Dez perspectivas de profissionais peruanos das áreas econômicas e das ciências sociais revelaram que o crescimento econômico vivenciado nos últimos anos pelo país não beneficiou os excluídos, mas sim os mais ricos.
Pedro Francke, economista docente da Pontifícia Universidade Católica do Peru e um dos participantes do relatório, afirmou ao jornal La Republica, que as cifras macroeconômicas de crescimento no Peru não foram suficientes e que se o governo quiser sair da pobreza somente com o avanço econômico do PIB (Produto Interno Bruto), seria preciso mais de 80 anos constantes de crescimento acima dos 5% anuais.
“Com o ‘boom’ econômico no Peru, a desigualdade não foi reduzida e o consumo dos mais ricos cresceu em 6%”, disse.
O texto assinala que, nos últimos oito anos, a economia do Peru cresceu a taxas aceleradas, mas os salários se estancaram. Segundo o economista Humberto Campodónico, a brecha entre ricos e pobres é cada vez maior, pois “os salários da classe A são 20 vezes maiores do que o do setor E, o mais baixo”.
Críticas ao governo
Os profissionais fizeram críticas ao sistema político do país que, segundo eles, é uma das principais causas da pobreza.
Pepi Patrón, filósofa e presidente da associação Transparência, afirmou que um dos maiores problemas que enfrenta o sistema político-econômico é que os pobres não se sentem representados, o que aprofunda a sensação de instabilidade.
Para Patrón “o conflito com as comunidades indígenas da selva amazônica não é somente um problema ecológico, mas também de exclusão social, política e cultural”. Segundo a filósofda, a situação na Amazônia peruana revela que fazem faltam mecanismos para que os povos expressem suas necessidades.
Francke observou que o governo demonstrou “atitudes antidemocráticas” em Bagua. “A perseguição de líderes indígenas, a suspensão de congressistas nacionalistas, a caça aos meios de comunicação e às ONGs são exemplos”, afirmou.
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