O 24º Encontro do Foro de São Paulo, que se realizava em
Havana, foi oficialmente encerrado nesta terça-feira (17/07) com a presença de
diversos líderes latino-americanos. Em seu documento final, os participantes
pediram a unidade da esquerda do continente e liberdade para o ex-presidente
brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, preso há cem dias em Curitiba.
O documento foi lido pela secretária-executiva do Foro,
Mônica Valente. “Seguimos lutando ante os efeitos de uma ofensiva reacionária,
conservadora e restauradora neoliberal das elites mundiais”, impulsionadas pelo
“capitalismo do governo dos Estados Unidos, seus aliados e pelas classes
hegemônicas”, disse.
Além dos pedidos de unidade e de liberdade para Lula, o Foro
de São Paulo também destacou em seu documento o bloqueio dos EUA contra Cuba, a
situação social da Argentina de Macri, a independência de Porto Rico, o avanço
da direita em países como Chile, Colômbia e Paraguai e a situação da Venezuela.
“Condenamos a guerra não convencional dos EUA e seus aliados
contra a Revolução Bolivariana, a qual se voltou ao objetivo estratégico
imediato de derrotar o império. É, portanto, nosso objetivo maior de
solidariedade nestas circunstâncias”, disse Valente. “Permaneceremos alertas
contra a intervenção na Venezuela”, afirmou.
Lula
Nicolás Maduro, o presidente da Venezuela, foi um dos mais
enfáticos em seu discurso de apoio ao ex-presidente brasileiro, afirmando que
Lula estaria sendo escondido “em uma masmorra” para que não pudesse disputar a
eleição presidencial no Brasil em outubro, a qual ele ganharia. Declarações
parecidas foram feitas pelos chefes de Estado de Bolívia, El Salvador e Cuba.
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Reunião do Foro de São Paulo foi encerrada nesta terça-feira (17/07) (Reprodução/Facebook)
“A detenção ilegal do irmão Lula, apesar do habeas corpus que lhe devolveu sua liberdade, demonstra que há um Plano Condor judicial e midiático dos EUA e da direita regional para perseguir e eliminar politicamente líderes da esquerda, como Correa, Dilma e Cristina”, afirmou o líder boliviano Evo Morales, comparando a situação do Brasil com a de Argentina e Equador.
Já o atual líder cubano, Miguel Díaz-Canel, lembrou, pedindo a liberdade de Lula, que o ex-chefe de Estado brasileiro foi, ao lado de Fidel Castro, um dos criadores do Foro de São Paulo, conferência que, há 28 anos, reúne partidos e organizações de esquerda da América Latina em uma tentativa de encontrar novos caminhos para a luta contra o neoliberalismo na região.
“O desafio é continuar no avanço progressista utilizando toda nossa experiência, conquistar com as ideias da mudança todos os espaços de luta e debate. O projeto político, humano e progressista das grandes maiorias populares é legítimo e irrevogável”, declarou Salvador Sánchez Cerén, presidente salvadorenho.
O 24º Encontro do Foro de São Paulo, realizado entre domingo e terça na capital cubana, reuniu mais de 600 delegados de América Latina, América do Norte, Europa, Ásia e África para um amplo debate sobre o papel da esquerda no continente americano.