O ataque realizado por um homem palestino em Jerusalém nesta quarta-feira (05/11), que matou uma pessoa e deixou 13 feridos, aumentou a tensão entre Israel e Palestina. Após o Hamas assumir a autoria do atentado, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, responsabilizou o presidente da ANP (Autoridade Nacional Palestina), Mahmoud Abbas, pela ação. O ato fez aumentar os rumores, comentados por especialistas e políticos, de uma terceira intifada.
Na segunda ação do tipo no local em 15 dias, Ibrahim al Akari, de 48 anos, atropelou, com uma caminhonete branca, três agentes da Polícia de Fronteiras, que atravessavam a rua junto com outras pessoas. Na sequência, o carro colidiu com outros dois veículos. Akari então saiu e começou a bater em outros transeuntes com um barra de ferro, antes de ser morto por agentes armados, informou a polícia. Um dos membros da Polícia de Fronteiras morreu após a ação.
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Agência Efe
Pessoas se aglomeram no local em que um homem morreu após ser atropelado
O Hamas assumiu a autoria do atentado e classificou o motorista de “herói” e “mártir” por ter vingado a violação da mesquita de al-Aqsa e a morte de outros mártires. “Ibrahim al Akari, de Jerusalém Oriental, é o heroico motorista que realizou o ataque perto de Sheikh Yarra”, diz a nota distribuída pelo grupo.
O nível de segurança de Jerusalém foi elevado ao máximo. Na última quarta-feira, um palestino tentou assassinar um dirigente direitista que defende o direito dos judeus de rezar no Monte do Templo. Antes disso, em 22 de outubro, um bebê israelense e uma cidadã equatoriana foram mortos em um ato similar ao de hoje.
A tensão aumentou após Israel ter fechado a Esplanada das Mesquitas na última semana. O local é sagrado para os muçulmanos em Jerusalém e dá acesso à mesquita Al Aqsa. Israel justificou o bloqueio com o argumento de que poderiam ocorrer protestos no local. Na semana passada, Mahmoud Abbas afirmou que o fechamento do Monte do Templo era uma “declaração de guerra”.
Nesta quarta-feira (05/11), o acesso dos judeus à esplanada também foi bloqueado após os confrontos ocorridos entre a polícia e manifestantes palestinos antes da chegada dos judeus que pretendiam rezar no Monte do Tempo.
Organismos israelenses de segurança e especialistas acadêmicos analisam se os fatos destas últimas semanas são o começo de uma terceira intifada, após as ocorridas entre 1987 e 1993, e de 2000 a 2005. O vice-presidente da Fundação para a Defesa da Democracia, analista e autor do livro Hamas vs. Fatah: The Struggle for Palestine (Hamas vs. Fatah: A Luta pela Palestina, em tradução livre), Jonathan Schanzer, disse em seu Twitter que algo “sui generis está acontecendo em Jerusalém. Não uma intifada (ainda). Mas note que árabes de Jerusalém estão preparando uma”.
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Também nesta quarta (05/11), o braço armado do Hamas, os Batalhões de Ezedin al-Qassam, disse, em comunicado, que prepara a “mais dura guerra da história” contra Israel. “Nossa próxima vitória será a mais dura na história do movimento sionista”, afirmaram.
Israel
Para Netanyahu, a ação realizada hoje é resultado “direto da instigação de Abu Mazen [nome de guerra do líder palestino Mahmoud Abbas]”. A declaração foi proferida durante a cerimônia do 19º aniversário do assassinato do premiê israelense Yitzhak Rabin.
Agência Efe
Mulher argumenta discute com soldados israelenses próximo à mesquita Al Aqsa
Netanyahu disse ainda que “os cúmplices do Hamas” do presidente palestino também são culpados. O ministro de Relações Exteriores de Israel, Avigdor Lieberman, disse, em comunicado, que o ataque de hoje é a “apavorante prova” da política de apoio de Abbas aos 'terroristas' “.
“Junto ao generoso apoio financeiro proporcionado pela ANP às famílias de terroristas tirado dos fundos internacionais, a reação de Abbas frente a esses atos serve para encorajar e incentivar mais casos de violência contra os israelenses”, disse Lieberman.
Anistia Internacional
Nesta quarta (05/11), a Anistia Internacional publicou um relatório intitulado “Famílias sob os escombros: ataques israelenses contra casas habitadas em Gaza”, no qual analisa o comportamento do Exército de Israel em oito casos nos quais os ocupantes dos imóveis não foram informados que seriam atacados.
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“As forças israelenses mataram um monte de civis palestinos em ataques contra casas cheias de famílias que, em alguns casos, podem constituir crimes de guerra”, afirmou a organização sobre os fatos que ocorreram em Gaza durante a chamada Operação Margem Protetora entre julho e agosto. O saldo de mortos da ofensiva é de 2,2 mil palestinos (maioria civis) e 70 israelenses.
Na avaliação do organismo, “o Exército israelense desobedeceu descaradamente o direito de guerra ao realizar ataques sobre imóveis civis, exibindo uma cruel indiferença à carnificina causada”, como afirmou Philip Luther, diretor do Programa para o Oriente Médio e o Norte da África da ONG.
O governo israelense, por sua vez, classificou o relatório de “propaganda do Hamas”. “O texto da Anistia não contribui para o importante debate necessário para solucionar o conflito. Pelo contrário, serve de propaganda para o Hamas e outros grupos terroristas”, afirmou em comunicado o Ministério de Relações Exteriores de Israel.
A nota diz ainda que o documento “acusa o país de má conduta, mas não apresenta nenhuma prova” e ignora os crimes de guerra perpetrados pelo Hamas. E conclui: “a Anistia deveria entender que elaborar um relatório reduzido e descontextualizado restringe sua capacidade de promover uma mudança positiva”.